Um dia quando isso for
Um dia, quando isso for
Deixar o teu corpo em flor
E se aproximar do fim
Queria partir, sem te ver
Sentir o mundo morrer
Lá longe, dentro de mim
Deixar o teu corpo em flor
E se aproximar do fim
Queria partir, sem te ver
Sentir o mundo morrer
Lá longe, dentro de mim
Depois, em vez de esquecer-te
Tornar em sonhos, rever-te
Lá longe, na solidão
De ver-te sozinho assim
Ver-te só dentro de mim
Dentro do meu coração
É que não posso partir
Sem me partir dos teus olhos
Antes do adeus derradeiro
É que partir sem te ver
É duas vezes morrer
De alma e de corpo inteiro
Versos de António Calém
***
A rua que foi nossa
Na rua que foi nossa já não moro
Parti faz hoje um ano, não voltei
E a dor duma saudade ainda choro
Esquecido dos tormentos que passei
Apenas a lembrança em mim existe
Dos tempos que passámos lado a lado
De tudo o que foi alegre ou triste
De tudo o que foi o nosso fado
Nas noites de luar, a lua cheia
Seu manto de brancura desdobrava
Nossos passos traçavam sobre a areia
Quente ternura que o verde mar levava
Na rua que foi nossa há abandono
Voltar de novo ao amor, como eu quisera
Transformar o meu triste e frio outono
Numa nova e risonha primavera
Versos de Maria de Castro
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