O Adeus, até ao meu regresso… é virtualmente gémeo da minha ideia de emigrar para o Zimbabué por dois meses. Na realidade, devem ter nascido ambos com poucos minutos de diferença. O blogue permitia que com uma cajadada só eliminasse dois coelhos: o gosto pela escrita e a manutenção do contacto com a minha rede social e familiar, partilhando o que por cá andava a fazer. Independentemente de todas as interpretações, o nome do blogue tinha a ver, essencialmente, com isto: uma viagem e um regresso. Muitas vezes, um cão não é mais do que um cão, embora haja quem veja no canídeo um guarda, um amigo, um companheiro de caça.
Ao longo dos últimos três meses investi parte substantiva do meu tempo na alimentação deste negócio. Fi-lo com o gosto da partilha, por disciplina, por puro divertimento da escrita inventiva. A dada altura desisti de procurar imagens na Internet para ilustrar textos porque a rede é lenta e o processo penosamente demorado. Pelos mesmos motivos publiquei poucas fotografias minhas, porque o método para o fazer demorava o tempo de um jantar vagaroso.
Por mais que goste de escrever e compartir algumas coisas com a gente que me lê, o facto é que não quero ser escravo do blogue (ainda que na base do voluntariado), e não pretendo manter um espaço vazio e com o dinamismo de um caracol, precocemente ocupado pelas teias de aranha e pelo vazio de conteúdos. Na realidade, não quero ter de criar disponibilidade para aguentar esta embarcação, e não tenho feitio para a deixar ao semi-abandono. Preferiria pô-la de vez no estaleiro, inventando-lhe uma prece de barco de sequeiro.
Por outro lado, não me apetece desabrigar esta criança que é minha, que me diverte, que me entretém, que não tem quaisquer pretensões a não ser revelar, também, o que me vai na alma. Todos temos dentro de nós (para aqueles mais antigos que se lembram deste livro) um joão que chora e um joão que ri. Os meus queridos e fiéis leitores conheceram ambos ao longo destes 90 dias.
Decidi enveredar, por isso, por uma solução mista, tipo zona / homem a homem. Desafiei alguns amigos para me presentearem com a sua colaboração no blogue, numa base tão regular quanto possível (eventualmente semanal). São pessoas que gostam de escrever, que têm algo a dizer ao próximo – ou a si mesmos, como aconteceu tantas vezes comigo – e não têm local próprio para o fazer. Muito mais do que o espaço que lhes cedo, estes amigos oferecem-me a sua criatividade, as suas ideias, a sua visão do que quer que seja – o seu eu.
Gostava muito que este blogue, que poderá mudar de nome num futuro próximo, fosse um espaço aberto. Talvez a maioria dos bloguistas diga o mesmo, mas, neste caso, pode ser uma condição necessária – ainda que não suficiente – para a subsistência deste. Desejava que alguns dos meus amigos que por aqui passam deixassem uma fotografia, escrevessem um texto, revelassem um poema, divulgassem uma acção de solidariedade social.
Se tudo correr como previsto na minha mente, começaremos esta segunda fase por alturas da 2ª quinzena de Outubro. Até lá povoarei este espaço com o que o engenho e a arte me permitirem.
Vão aparecendo – e tragam um farnel…
Continua com o condão de nos deixar suspensos, cheios de curiosidade no que aí vem…
ResponderEliminarBeijinhos e o melhor regresso.