Um dos meus filhos, formado em gestão hoteleira,
trabalha há cerca de um ano em Londres, num hotel vitoriano de referência.
Começou a sua actividade profissional por Logroño (La Rioja), depois voltou e
passou uma boa temporada no Douro, emigrou para a Escócia e agora labuta na
capital inglesa. Tem 24 anos e já algum mundo, e a comparação comigo
torna-se-me inevitável, eu que saí de Portugal a 1ª vez com mais ou menos a
mesma idade, para ir até Badajoz com amigos alentejanos. Tempos estes sem dúvida
diferentes, com aspectos positivos e outros nem por isso.
Estivemos uns dias nesse hotel, porque ele nos arranjou
condições muito especiais. Caso contrário, ou alguma coisa de “estrutural” era
sacrificada, pondo em risco equilíbrios já de si precários, ou então ni
hablar….
Assim, pude reter do hotel a excelente localização, a
beleza do edifício e das decorações, a irrepreensibilidade e profissionalismo
do atendimento, a luz da casa de jantar, a sobriedade e conforto do quarto, a
qualidade de produtos e materiais, a classe e alto custo dos automóveis que iam
chegando. Ao melhor estilo inglês, embora sobretudo para estrangeiro (árabe,
americano, russo) desfrutar, já que ingleses muito poucos. Aliás, a qualidade
média dos hóspedes afigurou-se-me alarmante, o que, pelo menos em parte, não
pude deixar de atribuir ao meu feitio antiquado e pouco maleável.
Além de Londres, estivemos também em Windsor, onde por
pura sorte se desenrolava a Procissão do “Garter
Day 2013” (dia da Ordem da
Jarreteira, numa tradução livre). Ordem Militar de Cavalaria Britânica essa
fundada pelo Rei Eduardo III no século XIV, de que o Soberano de Inglaterra é
Grão Mestre, com apenas 25 membros e que tem como lema a famosa frase “honi soit qui mal y pense”, por ele proferida
num episódio que ficou celebre. Um extenso e admirável cortejo a pé, em que se
incorporam os Cavaleiros Militares de Windsor, marchando aos pares nos seus magníficos
uniformes, os Oficiais de diversas armas, os tais Cavaleiros e Senhoras dessa
Ordem, soberbamente vestidos nos mantos de veludo azul escuro e, claro, a
Rainha, vários membros da Família Real e da realeza, entidades eclesiásticas e
militares, os guardas da Rainha etc… Participa também a banda musical que, além
do hino, vai interpretando marchas militares mais ou menos conhecidas, que a
multidão presente acompanha com assinalável afinação. Tudo com uma
apresentação, organização, rigor e bom gosto que só mesmo visto. Os ingleses
gostam, respeitam e mantêm as suas ricas tradições e a sua história, qualidade
distintiva que bastante aprecio.
A Procissão termina com um serviço religioso na Capela (de
São Jorge), que apenas adivinhamos, designadamente pelo Te Deum que se vai
ouvindo. O regresso dos principais personagens ao Castelo também é
interessante, feito em carruagens puxadas por cavalos vibrantemente saudadas
pelos presentes.
Uma das músicas/marchas tocadas na ocasião foi esta de Sir
Edward Elgar, compositor inglês da 2ª metade do século XIX/1ª metade do X,
expoente duma época em que o império britânico era especialmente forte e
marcante.
Espero que gostem.
fq
Quem me conhece sabe do meu gosto por estas paradas inglesas. No fundo, por todos estes eventos que exijam protocolo, rigor, ordem, pompa e circunstância. É (também) aqui que se vê a grandeza - independentemente de outras misérias - do império britânico.
ResponderEliminarBoa marcha, esta. Muito bonita.
Abraço