Alterações ao Mapa Político
de Espanha e Itália no último ano
Nos tempos
actuais, é por demais evidente a imperatividade de alcançar maiorias absolutas
nos parlamentos dos estados-membros, de modo a promover a estabilidade
necessária ao poder executivo na governação do país em questão.
Espanha. Desde a instauração da Monarquia
Constitucional em 1976, um dos grandes flagelos que, em termos sazonais,
ameaçam a estabilidade do sistema político espanhol, prende-se com as derivas
nacionalistas e independentistas em alguma regiões autónomas. Embora todas as
regiões reclamem uma certa autonomia face ao Estado central, o maior foco de
tensão é no País Basco e na Catalunha. No caso Basco, trata-se,
substancialmente, de problemas de índole politico-cultural. A população desta
região há muito que pretende a total independência do Reino. Já na Catalunha,
mesmo que também haja a facção independentista, o principal factor de
discordância é a questão fiscal. Os contribuintes catalães não estão dispostos
a estar constantemente a transferir recursos fiscais para as regiões menos
produtivas.
Nas eleições gerias de 2008, o PSOE de
Zapatero, apesar de vencedor, não totalizou um número suficiente de votos que
lhe permitisse a maioria absoluta no parlamento. Devido a este facto, em
numerosas ocasiões, para fazer passar leis e resoluções, foram feitos acordos
de incidência parlamentar com os partidos regionais.
Itália. De meados de 2008 até Novembro de 2011, Silvio Berlusconi aparentava
ser uma autêntico sempre-em-pé, seguindo todas as vias para
manter à tona o seu Popolo della Libertá. Acossado por diversos casos de
corrupção, prostituição infantil e lenocínio, Berlusconi conseguiu, durante um
largo período, passar entre os pingos da chuva e ludibriar a justiça italiana com
leis excepcionais especialmente concebidas para o proteger. Pelo caminho, a
coligação que sustentava o Popollo della Libertá foi perdendo pilares
importantes como Gianfranco Fini. Já o partido Liga Norte de Umberto Bossi, não
sendo parte integrante do partido de Il Cavalieiri, foi até ao fim um aliado
parlamentar.
Actualmente, após a esmagadora maioria
conseguida pelo PP nas eleições gerais de Novembro de 2011, haverá a tendência
de marginalização dessas forças partidárias mais extremistas. Para que as suas
opções sejam aprovadas, Mariano Rajoy apenas necessita dos votos dos deputados
do partido que lidera.
Contudo, no Outono passado o clima
económico (atente-se que, a par de Portugal e do Haiti, Itália foi o país do
mundo que menos cresceu na última década), os juros da dívida pública a
atingiram níveis insustentáveis, foi a própria União Europeia (leia-se: Angela
Merkel) que forçou a Berlusconi a abandonar o poder. Para o seu lugar, após um
amplo consenso entre o Popopo della Libertá e o Partido Democrata, o Presidente
da República Giorgio Napolitano nomeou Mario Monti para chefe do executivo.
Monti, como ex-membro do BCE, é razoavelmente bem visto em Bruxelas e nele foi
depositada a confiança para conter a despesa pública e executar reformas
estruturais essenciais para que a economia italiana volte a crescer.
Pedro Castelo Branco
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