Não acrescentarei muito mais à novela persecutória que certa esquerda moveu contra a Isabel Jonet. Conheço-a há tempo suficiente para me dizer amigo dela sem que com isso me ponha em bicos dos pés. Há uns anos desafiou-me para uma colaboração na Entreajuda mas parece-me que não dei conta do recado, pelo que a instituição ficou a perder. Talvez fosse da minha inépcia, talvez fosse do momento conturbado que vivia. Agradeço-lhe esse desafio.
Somos ambos presidentes de instituições de solidariedade social, muito embora o Banco Alimentar tenha um impacto e uma visibilidade que a Acreditar nunca teve, fruto de características próprias e, sobretudo, do campo de acção significativamente menor. Porque gosto da palavra, e porque não me esqueço da minha condição de católico, ambas as instituições fazem caridade, ambas as instituições chegam, dentro da sua enorme diferença, onde o Estado não consegue chegar.
Sou o terceiro presidente da Acreditar e não serei o último, não porque deseje qualquer imortalidade, mas porque não é no meu tempo que se vencerá a batalha do cancro infantil. Antes de mim duas pessoas fundaram e levaram a instituição a bom porto. Cada uma delas - eu inclusive - tem as suas características próprias, elegeu áreas onde se sente mais confortável e onde presta um serviço mais eficiente. Tudo em nome da associação, em nome das pessoas a quem servimos e pelas quais existimos. Acima de mim, que não sou mais do que a pessoa escolhida para segurar, metaforicamente, a chave da Acreditar, estão as crianças com cancro. É por isso que, em bom rigor, pouco me interessa a forma e o conteúdo das palavras da Isabel Jonet. Somos ambos, salvaguardadas as diferenças, presidentes forçosamente passageiros de algo que é maior do que nós.
Gostaria eu de ver a Isabel Jonet fora deste cenário? Sim, gostaria, se isso significasse que desapareceria o Banco Alimentar por já não ser preciso. Como gostaria que todas as instituições de solidariedade social - leigas, enquadradas na Igreja Católica ou com inspiração cristã dos seus dirigentes - desaparecessem. Seria sinal de perfeição do mundo ou do Estado, algo que é improvável. Até lá, que todas as isabeis jonets fiquem à frente das suas instituições, apesar de momentos menos felizes ou menos bem entendidos.
JdB
4 comentários:
Já discutimos largamente este tema e as coisas baralham-se quando a pessoazinha (nós) se sobrepõe à função e papel que representa. Nem sempre somos iluminados, boas pessoas, suficientemente altruístas ou até eficientes, mas os presidentes destas instituições nunca podem exceder o seu estatuto no desempenho do papel que se espera e que se adequa à posição que representam.
Apoiemos então o Banco Alimentar porque para além da sua fantástica obra, a Isabel Jonet também merece.
Concordo com texto e comentário, ambos valorizando o essencial.
Os comentários sobre as declarações da IJ foram maldosos,tirados do contexto e muito injustos.
O "até lá" do último parágrafo do texto temo que chegue no dia de são nunca!
Abr
fq
Só me resta agradecer o enorme serviço que prestam ao estarem disponiveis para estes lugares. Espero que sejam modelos para muito outros!
Beijinhos
Cada segundo que estas pessoas dedicam a estas instituições são segundos "de amor" retirados às suas vidas pessoais. Comentários retirados do seu contexto e analisados maldosamente vão-se tornando num (mau) hábito. Centremo-nos, pois, no essencial que são as crianças com cancro, as familias sem pão, os homens sem abrigo.
Bem-haja a todos os Presidentes destas Associações.
Maf
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