Num gin anterior (9.Set.), houve
oportunidade de falar do mais polémico e talvez carismático líder britânico dos
últimos dois séculos, a propósito de uma biografia de Churchill, informativa e
sintética.
Winston C. soma tantas facetas
interessantes, que até as suas tiradas antológicas, carregadas de humor,
entraram para a história. Se há dom que lhe assistia – quantas vezes para
compensar os interlocutores pelos seus caprichos e exageros – era o da resposta
rápida e certeira. As trocas de galhardetes com Bernard Shaw ou com a célebre
deputada da oposição (a primeira mulher deputada, no Reino Unido), na Câmara
dos Comuns, são das mais conhecidas. Mas tantas outras se poderiam citar, algumas
ocorridas nos bastidores da política. Outras ditas em entrevistas públicas e
discursos. Aqui vão um par delas, para animar o início da semana:
«Sucesso é ir de
fracasso em fracasso, sem perder entusiasmo.»
Diálogo com De Gaulle, durante a Guerra, quando o General reagiu mal à
falta de apoio de Churchill a uma operação sugerida pelo francês, invocando
restrições de orçamento: «Os ingleses
lutam por dinheiro. Deveriam seguir o exemplo dos franceses, que lutam pela honra
e por dignidade.» Réplica mordaz do britânico: «General, cada um luta pelo que não tem!»
Palavras de Montgomery ao
ser homenageado pelo Governo britânico, depois de uma vitória retumbante contra
Rommel, na frente africana, durante a Segunda Guerra: «Não fumo, não bebo,
não prevarico e sou herói». Reacção
de Churchill, provavelmente sentindo-se atingido, até porque se davam bastante
mal: «Bom, eu fumo, bebo, prevarico e sou o chefe dele.»
Sobre um dos líderes da oposição
(Strafford Crips), que também não foi poupado: «Tem as virtudes que desaprecio e nenhum dos vícios que gosto.»
O que a democracia ensina, mesmo a
homens difíceis e q.b. autoritários como Churchill: «A maior lição, na vida, é perceber que até os ‘parvos’ e os loucos, por
vezes, têm razão.»
«Tacto
(político) é ter a habilidade de
mandar alguém para o inferno com tal jeito que o outro fica jeito de vontade de
partir.»
«Tenho
gostos simples: contento-me com o melhor.»
«A
história será benévola comigo, porque faço tenção de a escrever.»
«Não
basta darmos o nosso melhor. Por vezes, também temos de fazer o que é suposto.»
«Coragem
é o que o faz levantar-se e falar abertamente; mas também pode ser aquilo que o
faz sentar-se e ouvir.»
Típicas expressões da sua coragem e
combatividade: «Tem inimigos? Ainda bem.
Significa que, alguma vez na vida, se bateu por alguma coisa.»
Equivalentes a um auto-retrato: «Atitude
é aquela pequena parcela que faz toda a diferença (na vida).» Ou: «O pessimista vê dificuldade em cada
oportunidade; o optimista vê oportunidade em cada dificuldade.»
Maria
Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2
semanas)
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