26 agosto 2015

Poemas dos dias que correm

Zimbabwe, Agosto de 2008

Entre a sombra...

Entre a sombra e a noite há um submisso instante
de preparação.
Aberto espaço onde aves não cantam,
imaculado, instantâneo refúgio.
Entre a sombra e a noite, único passo!

— E é serena e frágil a presença
dos nossos vultos passageiros
isolados na própria condição.

Onde nada se move, uma estrela suspensa.

E tão inutilmente despedaço o encanto,
e tão súbita me vem uma tristeza antiga,
que entre a sombra e a noite encontro o meu refúgio
— o intocável, único espaço.


(Maria Alberta Menéres, in Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Lacerda Editora, 1999 - RJ, Brasil)

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