16 dezembro 2025

Da astrologia

o costume...

Sábado passado foi ouvir a minha amiga Luiza Azancot a falar sobre Alinhamento para o novo ano, sabendo como enfrentar os novos desafios e abraçar oportunidades. A Luiza, por quem tenho uma grande amizade, já manteve neste estabelecimento um rubrica regular e muito interessante intitulada Diário de uma Astróloga. É uma mulher inteligente, boa comunicadora, culta e, estou certo, astróloga competente.

Tenho uma relação pacífica com a astrologia: não sei muito e não quero (nem conseguiria) saber mais; embora reconheça que poderá haver algum fundo de verdade, nunca usei a astrologia para nada - nem para me inquietar, nem para me dar grandes explicações, nem para me orientar em caminhos futuros nem para me precaver ou alegrar com o que aí vem.

Na palestra da Luiza - à qual fui com gosto, sem fazer sacrifícios nem fretes de amigo - estavam entre 20 e 30 pessoas, mais coisa menos. E começou com numerologia: o somatório dos algarismos que compõem 2025 (2+0+2+5) é 9. O somatório dos algarismos que compõem 2026 (2+0+2+6) é 10. Entre ambos há um mar de diferenças: 2025 é fim de ciclo, 2026 é princípio de ciclo. Não consigo obviamente reproduzir tudo o que foi dito, mas falou-se de novos projectos, de acabar com coisas que nos são tóxicas ou pesadas, de largar lastro prejudicial, de abraçar o futuro e tudo aquilo que ele nos oferece de possibilidades num ciclo que agora começa.

Ouvi tudo com atenção (a retenção já é outra coisa...) e, ao olhar para as pessoas, só via olhos de felicidade, de esperança, de certeza quanto à força que vamos ter para acabar com o que não merece continuar. Pessoas vi que sentiam que a Luiza estava a falar para elas, e que elas já tinham percebido dentro de si a alegria de um novo ciclo.  Havia ali uma espécie de irmandade composta por pessoas para quem 2026 já era um mar de alegrias.

Ora, eu, que tenho sempre esta mania de olhar para o lado menos solar das coisas, dei por mim a pensar. Será que ninguém tem medo de vir a ser a vítima da pessoa para quem 2026 será um ano de novos começos? Eu explico com um exemplo totalmente fictício: no mesmo sofá está o José, dono de uma empresa onde trabalha o Carlos. O José está certo que a Luiza fala para ele, porque ele percebe o ano da mudança, da alegria da mudança: José olha para Carlos, sorri de um encantamento todo feito de futuro e diz ao empregado: olha Carlos, é tempo de seguir os meus sonhos. Vou fechar a empresa e vou pintar girassóis para o Tahiti, que sempre foi o meu sono. Vais ter de procurar emprego. 2026 vai ser um grande ano para me realizar...

Conversava com alguém que me dizia, face ao exemplo que eu dei, que para o Carlos o fecho da empresa pode ser uma oportunidade. É claro que pode! Mas será que o Carlos quer? E será que o preço que ele vai pagar não é demasiado? Todos nós temos a possibilidade de transformar uma desgraça num triunfo pessoal. Porém, muitos dos que passaram pela desgraça preferiam não a ter vivido, e passariam bem sem o triunfo. 2026 pode ser ano de novos começos. Mas também pode ser o ano de muitos fins. Quem sorri tem de ter a certeza de que é protagonista dos seus começos, e não vítima dos fins dos outros...

JdB        

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