Celebrou-se, no passado dia 15 de Fevereiro, o dia internacional da criança com cancro. Foi dia de artigos em jornais, de visita do Presidente da República, de uma ou outra notícia. E foi dia - por isso aqui estou - de fixar aspectos soltos da temática e de os trazer à vossa partilha.
A 16 de Setembro de 2008, vivia eu uns intensos dois meses no Zimbabwe, foi-me dada a oportunidade de visitar um grande hospital de Harare. Não sei se percorri corredores, se subi escadas ou se atravessei portas. Sei, isso sim, que desci até uma espécie de inferno que se intitulava, mesmo que não se intitulasse assim, ala das crianças com cancro. Uma ala destas é sempre uma visão de uma espécie de inferno, seja no Zimbabwe, onde nada se construía a partir de nada, ou do Canadá, onde há tudo para se fazer muito, desde que ao alcance do génio e da vontade humanas. Talvez no inferno estejam só os pecadores que não quiseram arrepender-se. Ali, naquela como noutras alas de outros países, o inferno advém da injustiça mais cruel - crianças com doenças que eram vistas como de velhos. Em África, tudo isto assume uma proporção que torna as nossas queixas sobre os hospitais portugueses uma obscenidade de burguesismo.
Fica o link (http://adeus-ate-ao-meu-regresso.blogspot.pt/2008/09/sade-que-no-se-deseja.html) para o caso de alguém querer começar o dia com a visão que nos faz desejar ser ceguinhos (olhar ceguinho de choro, dizia o José Régio num das mais bonitas frases da poesia portuguesa) mas também com a visão que nos faz querer fazer algo mais pelo nosso próximo
(é verdade que o nosso próximo é sempre o mais próximo, mas por vezes devia ser alguém próximo mas desconhecido, que nos tire da zona de conforto)
Em querendo começar o dia com um outro nó no estômago, vejam o video abaixo, que me mandaram caprichosamente no dia 15 de Fevereiro, sobre o inferno que eu vi. Mas também sobre a Kidzcan, a Acreditar do Zimbabwe, de cuja responsável recebi um abraço forte enquanto ela me dizia que eu era um anjo, não se lembrando que não sou, mas que tenho, e que por isso é que lhe dava aquele abraço chorado e sentido.
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A 16 de Setembro de 2008, vivia eu uns intensos dois meses no Zimbabwe, foi-me dada a oportunidade de visitar um grande hospital de Harare. Não sei se percorri corredores, se subi escadas ou se atravessei portas. Sei, isso sim, que desci até uma espécie de inferno que se intitulava, mesmo que não se intitulasse assim, ala das crianças com cancro. Uma ala destas é sempre uma visão de uma espécie de inferno, seja no Zimbabwe, onde nada se construía a partir de nada, ou do Canadá, onde há tudo para se fazer muito, desde que ao alcance do génio e da vontade humanas. Talvez no inferno estejam só os pecadores que não quiseram arrepender-se. Ali, naquela como noutras alas de outros países, o inferno advém da injustiça mais cruel - crianças com doenças que eram vistas como de velhos. Em África, tudo isto assume uma proporção que torna as nossas queixas sobre os hospitais portugueses uma obscenidade de burguesismo.
Fica o link (http://adeus-ate-ao-meu-regresso.blogspot.pt/2008/09/sade-que-no-se-deseja.html) para o caso de alguém querer começar o dia com a visão que nos faz desejar ser ceguinhos (olhar ceguinho de choro, dizia o José Régio num das mais bonitas frases da poesia portuguesa) mas também com a visão que nos faz querer fazer algo mais pelo nosso próximo
(é verdade que o nosso próximo é sempre o mais próximo, mas por vezes devia ser alguém próximo mas desconhecido, que nos tire da zona de conforto)
Em querendo começar o dia com um outro nó no estômago, vejam o video abaixo, que me mandaram caprichosamente no dia 15 de Fevereiro, sobre o inferno que eu vi. Mas também sobre a Kidzcan, a Acreditar do Zimbabwe, de cuja responsável recebi um abraço forte enquanto ela me dizia que eu era um anjo, não se lembrando que não sou, mas que tenho, e que por isso é que lhe dava aquele abraço chorado e sentido.
O assunto não se esgota aqui, e por isso continuo mais ligeiro. Dia 15 de Fevereiro tive o grato prazer de ouvir Ângelo Felgueiras, o homem que foi ao Pólo Sul, que lá pôs uma bandeira da Acreditar e que nos deu um cheque bom e generoso. Falou aos nossos amigos que venceram a luta contra o cancro, elogiou a tenacidade deles (diminuindo a sua própria) e contou aspectos da viagem. E aqui é que as estradas se bifurcam: enquanto as pessoas normais (sim, isso) lhe perguntam pormenores práticos - como é puxar um trenó, quantos quilos disto ou daquilo, como cumpriam necessidades fisiológicas, eu só quero saber em que pensou ele no deserto gelado, se o deserto - o gelado ou o outro - é, de facto o local de encontro com Deus (não sei se ele é crente), o que significa imensidão, como se faz para estar em casa, ainda que longe de casa...
Nota final: ontem, eu e mais 15 colegas escrevemos a nossa definição de sublime e demos alguns exemplos de coisas sublimes. Os exemplos dos meus colegas foram todos tangíveis: a música dos Pink Floyd, o começo do livro Lolita, o quadro deste ou daquele pintor, neve no campo ao amanhecer. Eu - sempre eu, com esta mania da originalidade - fui o único que dei um exemplo intangível de sublimidade: duas pessoas que se entendem perfeitamente numa multidão, sem trocar uma palavra.
Devaneios...
JdB
1 comentário:
devaneios, de facto.
Kidzcan é um exemplo do sublime. O mais elevado do ser humano.
Thanks
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