02 outubro 2011

27º Domingo do Tempo Comum

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.

Quem, no entanto, contava com um comentáriozito ao evangelho do dia terá de bater a outra porta - que as há, muito melhores do que esta, sobretudo quando é o editor e dono do estabelecimento a redigir pensamentos singelos. Hoje decidi agarrar a 2ª leitura para debitar algumas palavras. Porquê? Porque a epístola de S. Paulo me parece interessante e, também, porque o evangelho me pareceu mais difícil...

Há uns tempos, amiga próxima revelava a sua irritação (talvez mais taquinação) com dois tipos de raciocínios: o de algumas pessoas que dizem com ar convicto: a vida é simples, nós é que a complicamos, e o de outras, que talvez sejam as mesmas, sei lá, que balbuciam de olhos em alvo: eu só queria ser feliz..., acentuando muito o , como quem enfatiza a modéstia do desejo.

Acredito que talvez a vida seja dificílima, como acredito que, quando se pronuncia o desejo de felicidade, nunca se pode aplicar o advérbio . As relações entre as pessoas, o nosso convívio no mundo do trabalho, dos negócios, das famílias são uma tarefa tremenda, incompatível com a ideia de uma simplicidade catitinha destruída por mentes confusas. 

Sou um homem que acredita na santidade, mais do que na felicidade. Acredito, também, que esta virtude permanente é uma viagem, não um destino. Temos que dizer-lhe sim diariamente, persistir, ter a noção de que nunca lá chegaremos, mas que não é por isso que desistimos: quando nos zangamos, quando matamos pessoas no nosso coração, quando nos invade a falta de paciência ou de caridade, quando somos intolerantes às falhas do próximo (sobretudo do muito próximo), quando não conseguimos encontrar formas ou vontade de fazer as pazes, perdoar e querer ser perdoado.

O amor vence tudo, dizia Santo Agostinho. Acredito que sim, mesmo que esse Amor se revista de formas diferentes, conforme as circunstâncias. Ter amor é ser verdadeiro e nobre, ser puro e amável, revestir-se de justiça. Custa? Pois custa e não é pouco!, sobretudo quando nos sentimos injustiçados, quando achamos que os outros não têm razão ou nos sentimos arrogantemente donos de uma verdade própria e inquestionável. 

Em muitos combates que travamos - e alguns são bem mesquinhos - temos sempre dois caminhos. O da vontade de demonstrar poder ou razão, ou o da vontade de derramar o verdadeiro amor. Poderemos nem sempre saber o que devemos fazer, mas, regra geral, sabemos o que não devemos fazer. Nesse sentido - e sobretudo nesse sentido - a vida é simples. Se praticarmos o amor, o Deus da paz estará connosco.

Bom Domingo para todos.

JdB


LEITURA II – Filip 4,6-9

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Irmãos:
Não vos inquieteis com coisa alguma.
Mas, em todas as circunstâncias,
apresentai os vossos pedidos diante de Deus,
com orações, súplicas e acções de graças.
E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência,
guardará os vossos corações
e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
Quanto ao resto, irmãos,
tudo o que é verdadeiro e nobre,
tudo o que é justo e puro,
tudo o que é amável e de boa reputação,
tudo o que é virtude e digno de louvor
é o que deveis ter no pensamento.
O que aprendestes, recebestes, ouvistes e vistes em mim
é o que deveis praticar.
E o Deus da paz estará convosco.

1 comentário:

Ana disse...

Ai JdB, lá voltamos nós à santidade. Com tanto esforço e chamada de atenção, qualquer dia compro uma "aurélia"!
Concordo quando diz que com amor se vence tudo, até o mau feitio.
Boa Semana para si.

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