Ao longo da minha carreira de auditor musical entusiasmei-me, e graças a Deus ainda me entusiasmo, com imensos estilos musicais diferentes. Notei, contudo, que quase todos os estilos que se tornaram populares começaram por ser bastantes elementares, quase primitivos, para progressivamente se irem sofisticando até atingirem algum grau de erudição já acessível a muito poucos.
A pureza e a simplicidade originais foram-se perdendo e o estilo musical foi-se tornando mais complexo, até deixar de ser apreensível pela maioria das pessoas. Creio que isto é um fenómeno natural: em todas as actividades, o Homem busca naturalmente o aperfeiçoamento e a complexidade. Mas o aperfeiçoamento e a complexidade também cansam e, quando assim é, o Homem tenta ir ao encontro da simplicidade original. Daí que os estilos musicais se sucedam em vagas alternadas de simplicidade e erudição, e que todas as gerações façam um percurso musical próprio, sem gostarem normalmente do estilo da geração seguinte, por o considerarem muito básico.
Tudo o que vai acima é o que eu apelidaria de divagações inúteis, mas que servem para apresentar o meu post de hoje: "Respect" da Aretha Franklin. Grande ritmo, grande voz e uma daquelas músicas que guarda a simplicidade original de um estilo que acabaria por se sofisticar.
JdC
3 comentários:
Excelente comentário com o qual concordo imenso. Eu vou, quase sempre, pela via do primitivismo e da originalidade inicial, donde, para mim, a Aretha (e afins) são um "must" e sempre a minha preferência (mais) natural. Gosto imenso da artista escolhida e da música que trouxe. Obrigada. pcp
Sagaz análise!
Abr
fq
Não querendo enveredar pelo plágio, faço minhas as palavras do comentarista anterior: sagaz análise! Não sou fã particular desta música, mas sou de quem a canta, pelo que já não se perde tudo.
Ressalto o facto de pela primeira e, quem sabe, única vez, o acto de soletrar teve honras de sucesso mundial, o que não é despiciendo referir-se...
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