Hoje é Domingo e eu não esqueço a minha condição de católico.
Há uns tempos, numa conversa de amigos, falou-se sobre o que nos fazia chorar nos filmes. Alguém afirmou, com uma candura simples e enternecedora: a mim comove-me a bondade. Ocorreu-me esta conversa durante uma reunião da Acreditar durante a qual se falou de cuidados paliativos. Subscrevo a frase inteiramente, e digo mais: a bondade faz bem a todos - a quem dela beneficia directamente e a quem a dá, porque nos liberta, dá-nos uma sensação de leveza que pode ser viciante.
Ser pescador de homens não é angariar gente para encher de vacuidade os bancos de uma igreja, como quem arranja sócios para uma agremiação desportiva. Ser pescador de homens é lutar pela conversão de quem está ao nosso lado.
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Que
cousa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a
si mesmo?
Os
dicionários dizem que conversão é uma mudança
moral para melhor, mas também dizem que é mudança de forma ou qualidade, sem mudança de substância. A
primeira definição é mais óbvia, a segunda é mais desafiante.
Somos
convidados, neste tempo, à renovação daquilo que nos é íntimo, não numa dimensão do
casulo onde cada um vive consigo próprio, mas numa perspectiva de militância, de
olhos postos no nosso próximo.
Uma
conversão que não tenha por trás a ideia de serviço, de entrega, de dádiva, é
um conversão coxa, como alguém que vê o mundo através de um muro – ou de um
espelho.
Convertermo-nos
é vislumbrar o mundo com os olhos do Amor sem limite. É vermos, mais do que olharmos.
Que a frase
do Padre António Vieira, que encima este texto, ressoe dentro de nós como um
convite. Talvez mesmo como uma incitação.
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EVANGELHO – Mc 1,14-20
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Depois de João ter sido preso,
Jesus partiu para a Galileia
e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo:
«Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus.
Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Caminhando junto ao mar da Galileia,
viu Simão e seu irmão André,
que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.
Disse-lhes Jesus:
«Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens».
Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O.
Um pouco mais adiante,
viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João,
que estavam no barco a consertar as redes;
e chamou-os.
Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados
e seguiram Jesus.
1 comentário:
Que bom texto! Que boa análise! Obrigadíssima. pcp
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