Suava medo
apertado. Aprisionada no labirinto da memória. Ou melhor, como um formigueiro
hiperpovoado de obssessões. Era estúpido, absurdo! Tudo porque não conseguia
encontrar as chaves do carro. E por mais voltas, curvas e contracurvas que
desse, não havia ponto de chegada; também não o havia de partida… o comboio em
que me encontrava ía seguir (…,)
A Torre de
Babel rui em pirilampos!
Estava enrolada
na teia de mim mesma. Enroladíííssima! Cada vez suava mais. Perdida em mim e
brevemente, se não encontrasse as chaves, perdida de tudo! O comboio ía seguir
o seu percurso e se eu não saísse com o carro na minha estação, onde é que
neste raio de país é que ía parar? Como me exprimir, me desenrrascar sob um
céu sem Tempo, numa língua que não existia, nem arrancada? “Os bolsos existem!
Os bolsos existem!” Neste eureka tão entre o querer que uma casa povoada de
tempo surgisse erguida do nada. Fala-me o oxigénio. Levo os dedos aos bolsos. E
então? Estão, estão lá?..., tudo me parece lixo. As chaves? Suava medo apertado. Apertado nos dedos. Apertado nos
bolsos…, os dedos…, as chaves…, Sim? Não? Sim! Como não pensei nisso? As chaves
do carro senão estivessem na carteira só poderiam estar nos bolsos do casaco! Foi
como um veneno. Sobe, voa, esvai-se, e inspiro esta música. É na sabedoria do
cinzento que descubro a diferença: entre o querer e o desejar.
Desejo
obsessivamente. O espaço e a sua vasta dimensão não dão alternativa ao vazio,
como lagartos dentro do pensamento.
Livre! As
chaves! Fala-me, oxigénio! A Torre de Babel rui em pirilampos. É na sabedoria do
cinzento que descubro a diferença.
V.N.C.
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