Pois é...
Durante muito tempo os blogues passaram-me ao lado. Não lhes ligava, não lhes via um encanto por aí além, não criei hábitos de visita. Nem sequer àqueles que eram supostas referências nacionais.
Por via de uma amizade com duas bloguistas, tornei-me bloyeur (palavra com direitos de autor) habitual e ousei comentar alguns posts sob pseudónimo. Criei dois personagens diferentes mas, como não tenho veleidade intelectual de alimentar heterónimos, dei por mim a confundir tudo - e a revelar-me.
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Dia 4 de Agosto sigo para o Zimbabué, onde ficarei cerca de dois meses. Beneficiarei da hospitalidade do actual embaixador, que me dá o gosto de uma amizade com quase 40 anos. O que vais lá fazer? perguntarão alguns, enquanto olham para um Mugabe a quem não confiaríamos uma tartaruga, para um país que parece a ferro e fogo, para um continente onde não se consegue pronunciar a palavra democracia, embora nos pareça que há sempre gente que canta e dança alegremente, num frenesim de inconsciência, miséria e cegueira política.
Vou por um conjunto de motivos, alguns bem prosaicos: Agosto e Setembro são meses em que me poderei dar ao luxo de exercer uma parte da minha actividade profissional a milhares de quilómetros, graças à Internet; por outro lado, conto fazer turismo, conhecer uma parte (e estou certo de que o vou fazer) do fascínio de África; aproveitarei para ler e para escrever. Conto também - passe o cliché do pensamento - olhar para o passado, atentar no presente e pensar no futuro.
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O blogue que agora inicio (e agradeço à Ana Vidal o apoio técnico e estético, sem a qual nada disto teria sido possível) tem como motivo principal uma presunção: a de que alguns amigos gostarão de saber o que faço, com quem e porquê. É uma forma, afinal, de partilhar o meu dia-a-dia, agora que o fascínio do postal ilustrado é um actividade de alfarrabista. O que for colocando até à data da minha partida serve, também, como treino para este actividade que me é, ainda, um pouco hermética.
Como provavelmente a maioria dos blogues, este não tem linha editorial definida, a não ser o que entra naquilo que me apetece partilhar com quem me lê. Está tudo pensado para a minha estadia em Harare, num hectare muito bonito a que ainda podemos chamar solo pátrio. Quando regressar, logo se vê. Gosto do nome de um disco já antigo: hoje há conquilhas, amanhã não sabemos.
Adeus, até ao meu regresso...
6 comentários:
Nada a agradecer, ora essa. Aqui tem sempre um rexossé às suas ordens.
Boa viagem, bwana!
Reexossé? :-))
falas tu de mim, Ana!!
Bem, que a blogosfera dê ao teu amigo muitas alegrias. Estou certa que sim ;-)
Júlia: obrigado pelos "votos". Espero continuar a "vê-la", sinal de que o serviço está a contento.
Africa é o continente da mudança.Aqui já nada muda ...nem as moscas.. fique atento Africa é Mãe, Rainha, Animal, terna e sensual....as mudanças operam-se, aquela terra encarnada chama por nós ninguem fica indiferente .
O passado não se muda o presente com certeza e o futuro aguarda calmo e sereno pela vinda do novo JB( sempre gostei mais do novo...o velho era muito destilado..)
Aquele abraço
rocha
Obrigado, Rocha, pelo comentário. Espero gozar bem da minha visita a uma África que não conheço. Virei seguramente outro - mantendo, no entanto, as qualiddades que diferenciam o JB, muito ou pouco destilado. Abraço para si também.
Ena, a nossa Rocha está inspirada!
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