Lembras-te ainda, amor, da simplicidade de alguns gestos?
Nem sempre queríamos dizer: amo-te! Nem sempre conseguíamos responder: eu também!
Mas agarrávamos o silêncio pelo braço e íamos para o banco do jardim, olhar para as mesmas coisas, rir das mesmas coisas, pensar nas mesmas coisas, inventar histórias de ciúme e tragédia para personagens que não conhecíamos.
Os outros abraçavam-se, beijavam-se, ofereciam flores que murchavam cedo e que eram substituídas por outras que voltavam a murchar cedo.
Nós, não. (Será infelizmente?)
Encostávamos o dedo um ao outro e éramos a criação do mundo, ou o ET que brilha num sorriso de marciano. Um toque apenas. Sem palavras bonitas inventadas no momento ou repetidas numa incessante monocordia.
Lembras-te ainda, amor, da simplicidade de alguns gestos?
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