Joseph Rudyard Kipling nasceu m Bombaim em 1865 e morreu em Londres em 1936.
Numa dada altura da minha juventude, não me lembre quando, o poema If (publicado abaixo, numa tradução de Guilherme de Almeida, tirada da net) fez um certo furor. A minha memória é difusa no que a isso diz respeito, mas tenho ideia de que se copiava, se falava, se partilhava. Era como se fosse um flavour of the month que durava mais tempo. Hoje, passadas quatro década, talvez, questiono-me porquê, se o poeta não era português, não fazia parte (ao que sei) do plano nacional de leitura da época, não era contra o regime.
Um dia destes dei por mim a pensar no poema - que partilho -, nesta época em que a criatividade anda mais por baixo, subjugada por uma ideia de semi-férias com outras apetites. Talvez um dos meus fiéis leitores me saiba explicar o mistério que me aflige de momento - porque se falava tanto neste poema?
JdB
***
Se
Se és capaz de manter a
calma quando
Toda a gente ao teu
redor já a perdeu e te culpa;
De acreditares em ti
quando todos duvidam
E para esses no entanto
encontrares uma desculpa;
Se és capaz de esperares
sem desesperares,
Ou enganado, não
mentires ao mentiroso,
Ou sendo odiado, sempre
ao ódio te esquivares,
E não pareceres bom
demais ou pretensioso;
Se és capaz de pensares,
sem que a isso só te atires;
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores
Se encontrando a
desgraça e o triunfo conseguires
Tratares da mesma forma
esses dois impostores;
Se és capaz de sofre a dor de veres mudadas
Em armadilhas as
verdades que disseste,
E as coisas por que
deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem
ainda pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar
numa única jogada,
Tudo quanto ganhaste na
tua vida,
E perder e, ao perder,
sem nunca dizer nada,
Resignado, voltares ao
ponto de partida;
De forçares o coração, nervos, músculo, tudo
A dar seja o que for que
neles ainda existe,
E a persistir assim
quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti
que ainda ordena: ”Persiste”,
Se és capaz de, entre a
plebe, não te corromperes
E, entre reis, não
perderes a naturalidade,
E, de amigos, quer bons,
quer maus, te defenderes
Se a todos podes ser de
alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o
valor e brilho,
Tua é a terra com tudo
que existe no mundo
E o que é mais – tu
serás um homem, ó meu filho!
1 comentário:
Não conhecia o Poema e por isso agradeço. Na minha modesta opinião o poema intemporal fala da espiritualidade que é inerente ao homem e que lhe permite trancender-se em transmutações ao longo da vida, quando se torna consciente.
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