26 maio 2016

Das inteligências

Vivi o suficiente para me ter cruzado com gente muito diferente, de muitas proveniências sociais ou geográficas, com olhares diferentes sobre a vida, os princípios, os hábitos, as escolhas. Gente culta, com estudos, com interesses; mas também gente básica, gente que não lia um livro ou não via um filme, que não queria conhecer o mundo porque um jardim florido de coisas pequenas os entretinha. Gente arrojada, gente desafiante, mas também gente cumpridora, devotada ao serviço e à mansidão do caminho. Nisto não sou diferente de ninguém. 

Com o tempo fui vendo as inteligências de cada um, fui ouvindo sobre as inteligências de cada um: as mentes fulgurantes, rápidas, mecânicas, práticas, seguras, desafiantes ou voltadas para a ordem. Fui conhecendo gente com inteligências inúteis, gente desprovida de inteligência mas cheia de bom senso. Gente com inteligências rápidas que põem tudo em causa e outras que aceitam tudo. Gente que vive na beira do abismo, para quem o questionamento é o motor que faz andar o mundo e a sociedade.

Sou o que sou e no que me tornei. Num âmbito que se cruza com tudo isto, viajar já não é só conhecer outros mundos, mas ser confrontado com o desconhecido, o espaço para além dos muros que me dão segurança. Viajar é um salto no espaço, e por isso é que muitos repetem os destinos, habituados aos sons e às cores que são o conforto do que é habitual. Abro o portfólio de toda esta gente, penso nas viagens que não fiz e tudo isto me parece estranhamente parecido. Não quero arrojo, desafio, combate, avidez de mudar o mundo. Só quero bom senso, que é uma espécie de viagem inaugural já se sabendo quase tudo.

Acho que tenho bom senso, e talvez isso explique este post já tardio e falho de imaginação e cuidado.

JdB   

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