27 setembro 2017

Vai um gin do Peter’s? 

TOP-TWELVE DAS TAPEÇARIAS PORTUGUESAS 
Na continuação do “gin” anterior (13 de Setembro), com as 10 tapeçarias mais bonitas da arte ocidental numa selecção inspirada na do crítico de arte nova-iorquino Jason Farago, é chegada a hora do património têxtil nacional.

Felizmente, Portugal possui tal quantidade de obras lindas, que a amostragem esticou até às 12 peças. Entre as fabricadas no país e as adquiridas às melhores oficinas estrangeiras, resultaria redutor ficarmo-nos pela dezena. Esta síntese começa por homenagear as tapeçarias de Pastrana, que já tinham inaugurado o elenco postado no “gin” anterior. 

Excepções à parte (Pastrana, gobelins), a escolha privilegia o fabrico nacional e os desenhos dos pintores portugueses: 

A quarta do magnífico quarteto de tapeçarias de Pastrana, intitulada «Tomada de Tânger». Subtraídas à coroa portuguesa no reinado de D.Afonso V, foram encomendadas aos ateliers flamengos pelo rei de cognome Africano, para registo e celebração das conquistas no Magrebe. Actualmente em posse espanhola, foram tema do gin de 11 de Agosto de 2010.

«Portugueses na Índia», a exibir o cortejo de girafas, zebras e músicos. No Museu do Caramulo, possuidor do maior número de tapeçarias da série «À maneira de Portugal e da Índia». 

Da colecção encomendada pela descendência do 4º Vice-Rei da Índia (1500-1548), para comemorar os «Feitos e Triunfos de  D.João de Castro». De fabrico francês (1550-1557), não chegaram ao destino por alegada por falha no pagamento de todas as prestações. 

Tapeçaria do BNU, em Zurique, alusiva à chegada de Vasco da Gama à Índia. Camões imortalizou a viagem, nos Lusíadas: «Os Portugueses somos do Ocidente, / Imos buscando as terras do Oriente.». Cantou também a entrada em Calecute, no Sul do subcontinente, a 18 de Maio de 1498, quando os marinheiros anunciaram do alto dos mastros “terra à vista”: «Disse alegre o piloto Melindano: / Terra é de Calecu, se não me engano». 

Tapeçaria do acervo da CGD.

Debuxo do pintor Jean Restout, 1739. Palácio Nacional de Sintra, desde 1939. Gobelin manufacturado na oficina francesa de Cozette, em lã e seda (420cmx560 cm). 

Os espantosos «Arraiolos». 

Tapeçaria com desenho de Jaime Martins Barata (1962), no Domus Iustitiae do Funchal.



«João das Regras e a revivescência do Direito», de Amândio Silva (1971). Exposta no Palácio da Justiça de Lisboa, na antiga sala de audiências da 4.ª Vara Cível.


Nenhuma selecção seria concebível sem os arraiolos nos desenhos de Grão Vasco; ou as peças confeccionadas nos ateliers de Portalegre, por exemplo; ou as encomendas portuguesas ao Extremo Oriente beneficiando das parcerias comerciais privilegiadas; ou as aquisições às melhores oficinas flamengas; ou a profusão de colchas lindas (de Viana, etc.) depois elevadas à decoração mural; ou … De facto, um rol mais rigoroso obrigaria a maior extensão, tal a variedade do património artístico português, neste capítulo. 

Sem fugir ao esforço e ao risco da súmula: se o exercício fosse reduzido à expressão mais simples com exemplar único, bastaria evocar a colecção de Pastrana, fabricada na Flandres para o rei descendente da Ínclita Geração. Daí o seu lugar de honra no elenco dos dois “gins”. 

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas, numa Quarta)


2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito. Agradeço:))))

Anónimo disse...

Peças maravlihosas! Acrescentaria a de Lino António em S. João da Pesqueira e as de Júlio Pomar na Caixa Geral.

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