Tiroide
«O homem é um ser espiritual que sonha a eternidade, e cria obras eternas, mas basta a perda da pequena glândula da tiroide para o transformar num idiota.»
É uma frase algo forte, esta do teólogo e filósofo suíço Emil Brunner, nascido em 1889 em Zurique e falecido naquela cidade em 1966, extraídas do seu ensaio “O homem em revolta”.
No entanto, estas palavras adquirem a sua trágica verdade quando, como várias vezes me aconteceu na minha já longa vida, se têm diante de si pessoas admiradas pela sua inteligência e capacidade, reduzidas a uma sombra humana, por causa de uma doença ou da velhice.
Comove-me sempre a exaustão daqueles que antes falavam em público brilhantemente, escreviam, viajavam de automóvel e avião, e que agora balbuciam com dificuldade palavras mínimas, assinam um documento quase como se fosse tarefa impossível, estão bloqueados numa cadeira de rodas.
A meditação sobre a fragilidade da criatura humana, nobre e gloriosa, mas também frágil como uma cana (para usar a célebre imagem de Pascal), deveria atravessar de vem em quando a nossa mente, sobretudo quando estamos satisfeitos pelo muito que temos e fazemos.
É ainda o grande Pascal a recordar-nos nos seus “Pensamentos” que é precisamente essa a nossa grandeza: «Conhecer-se miseráveis, enquanto a árvore não o sabe. O homem sabe que é miserável; é por isso miserável porque o é; mas é bem maior porque o sabe».
Se este autoconhecimento fosse mais vivo, seríamos mais capazes de dar o justo valor às coisas, cairiam muitas ilusões, atenuar-se-iam orgulho e egoísmo, e compreenderíamos que há valores que permanecem para além da nossa força física, a prestação intelectual, a beleza exterior.
P. (Card.) Gianfranco Ravasi
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado pelo SNPC em 02.08.2019
As melhores viagens são, por vezes, aquelas em que partimos ontem e regressamos muitos anos antes
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1 comentário:
Uma pequena glândula que, segundo os sábios, aparece na evolução dos animais de 'sangue frio' (poiquilotermos = temperatura baixa) para os animais de 'sangue quente' (homeotermos = temperatura semelhante, estável). A sua hormona é responsável por a temperatura interna dos bichos ser à volta dos 37oC o que permitiu vias metabólicas mais eficientes, mesmo gastando 50% ou mais das calorias usadas diariamente. Nos vertebrados passou-se dos peixes e répteis para as aves e mamíferos. Claro que há sempre uns mas... se um homeotermo arrefecer por avaria no sistema termorregulador, as tais enzimas XPTO falham e o bicho morre; o mesmo se passará se aquecer demasiado.
Localiza-se na parte anterior do pescoço estando sempre exposta às temperaturas do ambiente, aumentando a sua actividade no tempo frio e diminuindo-a no tempo quente. A redução anormal da sua actividade perturba, negativamente, todos os órgãos. Se for logo à nascença, chama-se cretinismo porque se fica 'burro'.
O filósofo Suíço, deveria estar habituado a ver gente com hipotiroidismo que, no seu país 'era mato' devido à falta de iodo imprescindível para a síntese tiroideia. Os lagos alpinos são de água doce e os seus peixes não têm iodo — abundante nas águas dos oceanos.
Aquando se descobriu que o iodo era essencial, passou-se a adicionar iodeto de sódio ao 'sal da cozinha' (cloreto de sódio). Acabou-se com os bócios e o hipotiroidismo por carência de iodo.
Vitória, vitória, acabou-se a história.
ao
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