28 dezembro 2022

Poemas dos dias que correm

Sabedoria 

Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser. 

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara. 

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar...
E venha a morte quando Deus quiser. 

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.

José Régio

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito boa e adequada recordação de José Régio.

Abraço

Acerca de mim

Arquivo do blogue