21 junho 2023

Vai um gin do Peter’s ?

O “TPC” MUDOU-LHE A VIDA

FAIRY TALE HOJE, REAL 

Quem diria que um TPC – irritante, para tantos – iria revolucionar a vida de uma criança pobre das profundezas do Peru? Assim aconteceu com o rapazinho de 11 anos, que não tinha sequer luz em casa para poder fazer os trabalhos da escola. Por isso, ia para a rua, onde aproveitava a luz do candeeiro público para estudar. 

Felizmente, as câmaras de vigilância da povoação peruana de Moche captaram a reincidência daquele episódio e perceberam que haveria uma extrema carência a precisar de solução. Alertaram a Câmara Municipal e o Presidente interessou-se em ajudar a resolver as dificuldades mais elementares dos pais do pequeno Víctor Martín Angulo Córdova. Além de não terem dinheiro para pagar a electricidade, também não tinham o certificado de propriedade do seu casebre, indispensável para poderem celebrar um contrato de fornecimento eléctrico. 

Resolvida a parte logística da casa dos Córdova, mais surpresas os esperavam, depois de a curta-metragem com Víctor a estudar na rua começar a rolar na net, postada por mão atenta. Num ápice tornou-se viral e chegou a quem devia, no longínquo Golfo Pérsico. Precisamente, um milionário do Bahrain ficou emocionado com tanta bravura no meio de tamanha pobreza. Ao contrário de Víctor, nunca lhe faltara dinheiro, mas doía-lhe a pobreza afectiva em que passara a infância. E sentia que nunca teria tido a força interior do pequeno peruano para se apegar aos estudos e aguentar enormes desconfortos para tentar singrar nos estudos. A Víctor, animava-o o sonho de ser polícia para poder combater alguns dos maiores flagelos do seu país, especialmente penalizantes para os desfavorecidos: a droga, a delinquência e a corrupção. 


Ahmed Mubarak não hesitou em viajar do Bahrain até ao Peru para conhecer Víctor e abrir os cordões à bolsa, proporcionando uma casa capaz à família Córdova. E passou a dar uma mensalidade para ajudar à educação do seu corajoso protegido. A única condição pedida por Mubarak ao peruano foi manter o empenho nos estudos. 

Em 2019, quando estas imagens correram mundo, Vítor tinha 11 anos. 

Ahmed estendeu também a generosidade à escola de Víctor, remodelando-a e dotando-a de um laboratório informático bem apetrechado, depois de este o ter alertado para as dificuldades da maioria dos seus colegas, com deficiências semelhantes às dos Córdova. 

Nas nuvens cinzentas que se adensam sobre os riscos da IA e da net, em geral, é reconfortante testemunhar estes efeitos benignos da net, quando bem usada. Como não reconhecer que simplifica tanto a divulgação de informações e dicas úteis, além de favorecer o surgimento destes ‘contos de fadas’, que mais parecem obras fictícias de Charles Dickens? Apesar de tudo e como sempre, estes ‘modern fairy tales’ só evoluem para happy ends, quando vários corações se deixam tocar e movidos ‘com-paixão’ estendem a mão para dar a ajuda que se impõe. Haverá olhos para ver e mãos disponíveis?...  Já crianças e famílias em carência extrema não faltam.

Boas notícias merecem ser celebradas, até para confirmar quanto a vida pode e merece ser festejada, já hoje e continuamente melhorada! Sempre inspirador, Bruce Springsteen e a The E Street Band lembram-nos que podemos ser e abrir a todos: «(a) LAND OF HOPE AND DREAMS» (concerto ao vivo, em Nova Iorque, em 2019): 


Num registo clássico, também a marcha gloriosa de Edward Elgar inspira. O título diz tudo – «LAND OF HOPE AND GLORY» e a sua sonoridade épica convida a interpretações entusiasmadas como a da Orquestra e do Coro Sinfónico da BBC (em 2009), acompanhados pela multidão que enchia o Royal Albert Hall. O talento e o humor muito britânico do maestro David Robertson ajudou a contagiar a grande sala com o espírito de festa do compositor. Numa das suas tiradas divertidas citou o dito tradicional sobre o facto de a Grã-Bretanha ser uma nação «built on tea», para brincar com o entusiasmo daquele público bem conhecedor da ária de Elgar. Só não lembrou o contributo dos Portugueses para a introdução do chá na Europa, para a abertura das rotas comerciais marítimas entre a Ásia e o Velho Continente e para a própria instituição do five o’clock tea na corte de Londres, por mérito de Catarina de Bragança, mulher do rei Carlos II(1): 


Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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(1) Em https://www.bbc.com/travel/article/20170823-the-true-story-behind-englands-tea-obsession, a BBC conta a história e clarifica o contributo determinante da princesa portuguesa, que foi rainha nas Ilhas Britânicas. 

2 comentários:

Anónimo disse...

O bom é simples e o simples é bom.
ao

Anónimo disse...

100% de acordo. Aproveito para lhe desejar óptimo fim-de-semana
MZarco

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