A compreensão física dum eclipse é fácil, sobretudo para quem é capaz de ver no espaço. Não é o meu caso. Precisei de uma laranja, uma tangerina, um alperche, arames, vários gráficos para passar o exame de astronomia necessário à minha certificação de astróloga nos Estados Unidos. Mas basta saber que duas vezes por ano, por simples condicionalismos de mecânica celeste, o Sol, a Lua e a Terra encontram-se alinhados. Só durantes estes períodos de 37 dias cada é que os eclipses são possíveis. O eclipse da Lua só pode acontecer na Lua Cheia, quando a Terra está entre o Sol e a Lua, e a sombra da Terra fica projectada sobre a Lua, impedindo que esta seja iluminada pelo Sol.
Não olho para o céu vezes suficientes porque a vida me distrai com outras coisas, mas durante a noite do dia 15 fiquei maravilhada. Por um lado, sinto a minha insignificância perante a vastidão cósmica, mas, por outro, atraída pelos mistérios do céu e a ordenação divina, sinto-me acompanhada, parte do Universo, nunca só, nunca ansiosa porque faço parte de uma realidade que me ultrapassa mas que me inclui.
Exactamente ao contrário do Calvin
Este eclipse do dia 15 de Junho aconteceu no grau 24 do eixo Gémeos / Sagitário. Quem tem um dos três pontos mais sensíveis do seu horóscopo – Sol, Lua e Ascendente – nestes, ou perto destes graus, tem mais probabilidades de sentir a sua influência. E que género de influência?
A Lua, na carta do céu, representa o nosso mundo emocional, aquilo de que precisamos para nos sentirmos bem, o nosso intimo, o nosso subconsciente, composto de memórias pessoais, de reacções instintivas. A sua ocultação, mesmo momentânea, dá-nos a oportunidade de reconfigurar essa parte de nós que ninguém vê. Quem tiver pontos sensíveis da sua carta a 24 graus de Gémeos ou Sagitário, a energia desta época (mais longa do que o próprio dia do eclipse) permite, através de um trabalho de introspecção, alterar o percurso emocional, deixar para trás hábitos prejudiciais, passar para outro plano. Comparo com o meu computador: quando funciona mal desligo-o (eclipse), faço uma limpeza à sua memória (trabalho pessoal) e torno a acendê-lo (reaparição da Lua). Nada maléfico mas um pouco trabalhoso.. trazendo a esperança de um futuro melhor.
Os eclipses funcionam em ciclos de 19 anos, por isso é bom reflectir no que se passou em meados de Junho de 1992. Que mudanças fiz na minha vida nessa época? E que mudanças estou pronta para fazer agora? Vou usar a luz reacendida desta Lua Cheia potentíssima para “ver” que medos me impedem de prosseguir o meu caminho, quais são os meu hábitos negativos que estão prontos para serem deitados fora. Um deles tem a ver com o medo de escrever em português… parece-me que esse já o deitei fora, o que demonstra a teoria de que os eclipses podem manifestar-se mesmo um mês antes da data do acontecimento.
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Ontem à tarde o Sol entrou no signo de Caranguejo, isto é, o momento a que chamamos Solstício de Verão, quando o Sol, no seu movimento aparente, atinge a maior altura no hemisfério Norte e a menor no hemisfério Sul, e assim tivemos o dia maior do ano e o menor dia do ano, respectivamente.
A data tem bastante significado astrológico mas hoje, ainda mal recomposta da dupla emoção do meus anos e do eclipse total na Lua, não consigo escrever mais nada. Fica para a próxima.
Luiza Azancot
4 comentários:
Esta última semana queixei-me de que um qualquer planeta me andava a atazanar o juízo. Ao ler a sua crónica fiquei sossegada. Afinal esta vontade que tinha de mudar de cena era apenas a influência do eclipse. Olhei para dentro, depois da sua sugestão, e concluo que há coisas que devo deitar fora para atingir a santidade (como dirão alguns leitores assíduos deste blog)no entanto, há outras que devo definitivamente deixar,acarinhar e mostrar, porque são muitas vezes estas que nos adulteram e viciam o percurso emocional saudável.
Obrigada Luiza por nos mostrar o lado doce da Lua.
Luiza,
faltam duas palavras na antepenúltima linha - porque, se recalcadas,são muitas vezes estas que nos adulteram...
Resposta a AnaAnonima
Nao me pronuncio sobre santidade mas sim sobre sanidade que talvez seja a condicao essencial para atingir o outro estado. Obrigada por ter compartilhado a sua experiencia.
Luiza
Olá Luiza,
já sabia que tinha feito anos, porque uma amiga comum festejou-os consigo nesse lindo lugar onde está. Parabéns, mesmo atrasados. Também vi o eclipse e, na altura, olhei-o simplesmente como um fenómeno natural; agora, com a sua explicação, percebo que se trata, também, de um fenómeno emocional. Sabe, eu tenho a Lua em Escorpião e neste momento estou com as emoções um tanto ou quanto 'out of order'; quem sabe é o eclipse a dizer: faz "reset" ? :-)
Bj. Maf
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