O privilégio de ser astróloga
A minha profissão
é frequentemente alvo de troça, de marginalização e mesmo de condenação à
morte, normalmente numa fogueira. Lembro-me disto de cada vez que passo pela estátua
de Giordano Bruno (morreu queimado) no Campo de’ Fiori em Roma. Num
acontecimento menos grave, mas revelador, há dias ouvi na televisão um conhecido
comentador político e professor universitário português insinuar que o astrólogo
é um adivinho ou um charlatão.
Esta opinião é
muito comum por duas razões:
a) ignorância
sobre o significado e conteúdo da astrologia, confundindo a verdadeira linguagem
dos astros com as banalidades difundidas pelos horóscopos publicados em jornais
e revistas e opines de pseudo-astrólogos.
b) ou porque subscrevem
sem pensamento crítico a posição da Igreja e da ciência cartesiana, cujos
motivos para atacarem a astrologia não são muito diferentes.
A Astrologia sempre
fez parte do conhecimento humano, tendo sido ensinada nas grandes universidades
europeias até 1660. Depois foi banida do ensino oficial, mas continuou viva na
grande ciência.
Diálogo entre Sir
Isaac Newton e Sir Edmond Halley (o do cometa):
Halley: Why do you
believe in Astrology?
Newton: I have studied
the subject, you have not.
Sir Isaac Newton
|
Einstein, com a
teoria da relatividade e a física quântica que provou que o observador afecta a
observação, deu punhaladas no cartesianismo. Mais recentemente, o físico David Bohm, com a teoria da “ordem explícita e a ordem implícita” apoia a sincronicidade
entre fenómenos cósmicos e humanos. A ideia de um cosmos com significado fica
mais aceitável quando os físicos, expoentes do mundo material, a suportam com
equações.
Pertenço a uma
elite minúscula – são 130 os astrólogos que, como eu, superaram o exame máximo da
National Council for Geocosmic Research dos Estados Unidos - e a um grupo mais
alargado de privilegiados que são os astrólogos com uma formação séria de
longos anos de estudo. Desde que iniciei este percurso a minha vida ganhou uma
dimensão mais rica em vários aspectos.
Por exemplo:
Espiritual – com a astrologia estou mais próxima do Universo, o que só me tem aproximado do divino, quer se chame Deus ou qualquer outro
nome.
Intelectual – a astrologia deu-me uma lente para interpretar os fenómenos históricos. Disponho de instrumentos
para perceber, tanto o aparecimento das religiões monoteístas (através dos
ciclos da precessão dos equinócios) como o 11 de Setembro de 2001. Este terrível
acontecimento deu-se quando Saturno (estruturas) estava no signo de Gémeos
(Twin Towers) em oposição a Plutão (terroristas) no signo de Sagitário (religião).
Claro que senti um grande golpe sobretudo porque estava a viver em Washington
mas …“Understanding does not cure evil,
but it is a definite help, inasmuch as one can cope with a comprehensible
darkness.” C. G. Jung
Político – ao perceber o momento presente, o “zeitgeist”, e enquadrar a actual
crise em ciclos cósmicos mais amplos terei uma possibilidade de ser mais
interveniente.
Artístico e Literário – sentir o porquê da música de Chopin e de
Beethoven ligando a sua criatividade ao seu tema natal; apreciar totalmente as
facetas de Fernando Pessoa; perceber como os demónios pessoais de George Lucas
encontram expressão na Guerra das Estrelas.
Prático – ao alinhar as minhas tarefas, viagens, decisões com o conhecimento astrológico
tenho-me tornado mais eficiente, o que é importante para uma pessoa com Sol e
Lua na casa 6 e Saturno em Virgem a reger o ascendente.
Pessoal – a astrologia tem sido o meu veículo de auto-conhecimento. É óbvio que
não me livrei do lados sombra da minha personalidade e que muitas vezes reajo excessivamente, porque me tocam nos botões a que se chamamos complexos. Freud dizia que os sonhos
são a “via reggia” do inconsciente; na astrologia encontrei a minha “via reggia”
para minimizar o ego, ser mais consciente, ser menos marioneta. Ajuda-me também
a aceitar quem sou e a descobrir o meu propósito nesta vida.
Relacional – com a astrologia compreendo melhor os outros,
pais, marido, filhos, netos, amigos, colegas e clientes. Posso humildemente
pensar que, na medida das minhas limitações, os ajudo nos seus percursos.
Tão precioso é
o privilégio de ser astróloga que ouvir comentários desprestigiantes é um
pequeno fardo que vem por acréscimo. O grande fardo não vem da sociedade, mas
sim de saber que, apesar desta lente astrológica, a minha área de actuação é
limitada e não posso impedir de sofrer as pessoas que amo. Mas até nessas
alturas tenho um privilégio: posso antecipar (não prever) quando e porquê
precisam de mim e disponibilizar-me.
Luiza Azancot
2 comentários:
Belo texto sobre a forma como estás na astrologia.
Sou testemunha porque já beneficiei imensas vezes do teu conhecimento, da tua inteligente interpretação da conjuntura astral e do apoio no caminho do auto-conhecimento.
Pena que a maioria das pessoas não te oiça, porque infelizmente quem tem visibilidade são as Maias e as Videntes de vão de escada com fórmulas imediatistas e falsas.
Obrigada minha linda ALA. Como siz uma colega os caes ladram e a carvana passa. Ainda bem que o ladrar deles me fez escrever isto.
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