Diz-me como jogas e dir-te-ei quem és
O dono deste
estabelecimento publicou, em Fevereiro passado, um comentário que é agora o título
deste post. Foi a propósito de amigos que se juntavam na sua juventude para
jogar cartas, e com a sabedoria do olhar retrospectivo sobre o desenrolar
das suas vidas, JdB chegou a esta conclusão. Nessa altura pensei abordar o
assunto sob o prisma astrológico mas a época não era propícia. Agora é.
O historiador holandês
Johan Huizinga escreveu um livro de referência sobre o jogo “Homo Ludens” (O
Homem Jogador) onde ele define jogar como… “uma actividade livre
conscientemente fora do ambiente habitual, considerada “não séria” mas ao mesmo
tempo absorvendo o jogador intensa e completamente. É uma actividade sem
interesse material e nenhum lucro daí advém. Prossegue dentro dos seus limites
de espaço e tempo de acordo com regras fixas e de uma forma ordenada”.
O grande astrólogo
Robert Hand, também num livro de referência, “Horoscope Symbols”, diz que dentro
das áreas de vida simbolizadas pela casa 5 estão incluídas as coisas que
fazemos por si mesmas – não pelo dinheiro, nem para impressionar os outros, nem por
amor ou obrigação. Por isso, as actividades a que chamamos JOGO são do domínio
da casa 5.
Em astrologia
arquetipal consideramos que os assuntos de cada casa estão ligados às características
do signo correspondente, e ao planeta regente desse signo. A casa 5 está
relacionada com as características de Leão e com o Sol. Como durante parte do
mês de Agosto o Sol está em Leão e muitos europeus tiram férias (actividade
também do domínio da casa 5) chegou a altura certa para o meu comentário astrológico.
Além disso, durante as férias com os netos americanos estive a jogar Monopólio
com eles.
Quando nos
referimos ao nosso signo, referimo-nos ao signo solar objecto de interpretação astrológica
“light” em milhares de jornais e revistas. Mas na astrologia mais séria o
assunto é complicado. O Sol simbolicamente representa o ponto central do
carácter, o nosso diálogo com o ego, a forma e o percurso como nos tornamos um
ente único. É através do Sol que criamos uma identidade pelas escolhas que
fazemos, pela manifestação do quereremos e pela expressão criativa.
Outros pontos
do tema mostram diversas facetas da personalidade, especialmente a Lua e o Ascendente.
A Lua representa aquilo que precisamos para nos sentirmos emocionalmente seguros.
A não ser que tenhamos nascido de madrugada quando o Sol está no mesmo signo do
Ascendente, “what you see is not
what you get”. Usamos as características do ascendente como uma máscara, às
vezes como um mecanismo de defesa, e não mostramos aos outros a essência de
quem somos, isto é o Sol.
Assim como o
Sol físico é o centro do sistema solar em torno do qual giram os planetas, asteróides,
satélites, o Sol astrológico tem uma função integradora da personalidade
parecida com a do chefe de uma banda de vários instrumentos.
Quando jogamos
estamos em pleno mundo solar/casa 5: suspendemos ansiedades e medos, não
precisamos de nada em termos emocionais porque estamos dentro do mundo
artificial com regras e limites e, por isso, perfeitamente seguro. Não há necessidade
de mecanismos de defesa, não queremos impressionar ninguém, podemos ser nós próprios,
podemos exprimir a nossa essência, quem somos realmente, a música que a banda
toca. Podemos exprimir o núcleo, o pontinho do glifo astrológico do Sol.
Mães, Pais,
Avós e Avôs: observem os vossos filhos e netos a jogar para terem um vislumbre
de quem serão!
Namoradas e
namorados: não se deixem levar pelo que os vossos queridos vos dizem, é através
do jogo que eles e elas vos dirão quem são!
Luiza Azancot
1 comentário:
Bom post Luiza.
E de facto, quanto mais conheço a vida, mais sei que muito se vê à mesa de jogo - e não é só a educação...
J
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