um outro que não eu
bem mais voraz
concreto
e subtil
te poderá depois talvez contar
destes momentos cúmplices de agora
perfeitos na intimidade
da vaga dor de cabeça
não te posso adiar por minha culpa
não te posso invocar
por excesso de altruísmo ou de rancor
arquitectura fria
dum gesto quase orgulho
do que já lá não coube
se nutre a tua imagem
mais fácil do que tudo
seria perdoar-me
perde-se o vício
por falta de virtude
Luís Amorim de Sousa, in 'Signo da Balança'
***
Coisas
há coisas que vão ficando
fotografias louças contas antigas
não sei
debruçámo-nos tanto
sobre a minúcia do quotidiano
que o dia a dia excedeu as nossas vidas
não sei como resiste o que perdura
olho o telefone de coração na boca
e aponto coisas para não me esquecer
Luís Amorim de Sousa, in 'Nadar no Escuro'
Sem comentários:
Enviar um comentário