PROGRAMAS DE OUTONO - AZULEJOS E CHÁ NA BERLINDA
Talvez estejamos blasés em relação à originalidade e à beleza da azulejaria portuguesa, espalhada por todo o país. Basta ver e ouvir os comentários dos turistas para relembrar e redescobrir este património espantoso multissecular.
Nem de propósito, neste Sábado, às 14h30, irá decorrer uma oficina criativa de azulejos no Convento dos Cardaes, junto ao Príncipe Real, orientada por Ana Marta Clemente e Maria Reis Rocha. A sessão começa com uma visita guiada à fabulosa colecção do próprio Convento, para inspirar cada participante a pintar o seu azulejo, reinterpretando a narrativa histórica e o efeito decorativo daquele tesouro. Para a inscrição (30 €) e para obter mais informações contactar: serv.educativo@conventodoscardaes.com.
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| 1ª imagem: comungatório com decoração em pintura e azulejaria. |
Também as tardes de Chá Solidário vão começar nos Cardaes, desde 15.NOV. até 14.DEZ., nas tardes dos fins-de-semana e dos feriados, aconselhando-se a marcação de mesa: natal@conventodoscardaes.com.
Entretanto, no Museu do Oriente também pululam os programas, entre concertos, exposições, conferências. Amanhã, 6 de Novembro, o chá dá tema a uma conferência, às 18h00, intitulada «A cerimónia e a casa de chá japonesa vista pelos primeiros europeus», com Joanes Rocha (da Universidade de Tóquio) e moderação de Ana Tostões. Como foi o impacto nos ocidentais, recém-chegados ao Império do Meio (séc. XVI e XVII), do sofisticado ritual de preparação daquela deliciosa bebida quente?
Um artigo de investigação, da autoria de uma das Conservadoras da Fundação Medeiros e Almeida, explora as múltiplas funções da azulejaria: «O Azulejo que anuncia: Painéis Publicitários». Publicado na revista ‘Super Interessante História’, divulga os imprevisíveis recursos desta peça cerâmica, que chegou ao marketing, aproveitando a sua espantosa visibilidade e óptimo efeito decorativo. O sucesso publicitário, a partir de meados do século XIX, levou à multiplicação deste tipo de painéis, recentemente inventariados online em azulejopublicitario.pt:
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| Diferentes épocas, do séc. XIX a 1951 (Licor Beirão), mas o mesmo objectivo publicitário nos painéis de azulejo |
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| Azulejos como placa de identificação dos produtos vendidos e dos serviços prestados. |
Na antiga FIL, à Junqueira, Novembro será um mês de certames, a pensar nos presentes de Natal e na oportunidade que pode proporcionar para o financiamento de instituições de solidariedade. De 14 a 15 de Novembro, realiza-se o imperdível Bazar Diplomático (este ano a favor dos sem-abrigos), com uma oferta inédita de produtos das quatro partidas do mundo, a lembrar as boas feiras de artesanato internacional. De 22 a 24 de Novembro, será a vez do Mercado de Natal – NATALIS’25, entre as 15h e as 23h. E de 26 a 29 de Novembro, volta o Mercado Solidário Rastrillo 2025, cujas receitas sustentam as casas de acolhimento de crianças e jovens desfavorecidos, geridas pela Associação Novo Futuro. A oferta variadíssima e fora do circuito comercial comum, tornam esta feira muito apetecível, com roupa, acessórios, comida, joias e bugigangas, brinquedos, bibelots, algum mobiliário (de pequenas dimensões) e, por vezes, algumas antiguidades diferentes.
Para tornar os presentes mais originais, haverá uma aula de Mizuhiki para aprender a arte dos nós decorativos japoneses, ideal para personalizar embrulhos e envelopes (Sábado 22 de NOV., das 15h-17h, no Museu Oriente; requer inscrição).
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| Os ancestrais nós japoneses foram transpostos no Ocidente para porta-chaves, remates de presentes, botões de punho, borlas decorativas, etc. |
Nesta quadra, sucedem-se também as actuações corais, desde os profissionais aos amadores, alguns com bastante qualidade, que se esmeram na contagem decrescente para o Natal: Vértice, o Coro dos Movimentos, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, já sem falar da Gulbenkian e do CCB, vão actualizando a programação nos sites e no instagram. Um par de exemplos: amanhã, 6.NOV., às 21h00, na Aula Magna, haverá o concerto "Europa Sinfónica: Wiener Concert-Verein", interpretado pela conceituada orquestra austríaca (https://www.ulisboa.pt/evento/concerto-europa-sinfonica-wiener-concert-verein). A 9 e 10 de Novembro, às 21h, haverá o concerto com Duarte Rosado, SJ, no auditório do Colégio de S.João de Brito (bilhetes via dir@gambozinos.org), a começar com um convívio e a originalidade de uma sopa, como explica a organização. No próximo mês, na Aula Magna de Lisboa: a 6 de Dezembro, às 21h30, decorre a 24ª Gala de Ópera da Universidade de Lisboa (UL), com a Orquestra Sinfónica Juvenil, acompanhada pelos Coros da UL e do Instituto Gregoriano. A 13 de Dezembro, às 21h00, será o concerto de Natal – “Camões uma epopeia sinfónica”, com a Orquestra Académica da UL.
Na Gulbenkian, inaugura-se a 18 de Novembro a exposição Natura Mirabilis. Arte e Natureza, que estará patente até 20 de Outubro de 2026, no emblemático Jardim Gulbenkian. Desenhado pelo famoso arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles e por Viana Barreto, esta exposição junta ecologia e criatividade para homenagear os dois hobbies preferidos do fundador, como explica a sinopse oficial:
«Para Calouste Gulbenkian, arte e natureza eram duas grandes paixões. Neste percurso áudio, o Jardim Gulbenkian transforma-se num palco virtual onde obras da coleção dialogam com paisagens, sons e atmosferas.
Concebido nos anos 1960 pelos arquitetos paisagistas António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Telles, o Jardim Gulbenkian é uma celebração da harmonia entre Humanidade e Natureza. O Jardim reflete o interesse de Calouste Gulbenkian pelo mundo natural, que o levou a adquirir, em 1937, a propriedade «Les Enclos», na Normandia, e na qual construiu um enorme jardim que se tornou no seu refúgio.
Durante o encerramento do Museu para obras de renovação, o percurso «Natura Mirabilis. Arte e Natureza» junta estes dois interesses do Colecionador e convida o visitante a escutar as vozes de curadores e investigadores, que aprofundam o olhar sobre obras da Coleção Gulbenkian. Ao longo de doze paragens, propõe-se para cada obra – criadas por mestres como René Lalique, Edward Burne-Jones e Félix Ziem – um eco equivalente na fauna, na flora e nas atmosferas únicas do Jardim, gerando momentos de contemplação inesperados.
Fruto da colaboração entre as equipas do Museu e do Jardim Gulbenkian, este percurso inaugura-se em simultâneo com o lançamento da publicação «Natura Mirabilis. Arte e Natureza», editada pela Franco Maria Ricci, editora especializada em livros de arte de coleção.
Nas ruas do centro de Lisboa, assiste-se à azáfama da montagem das luzes de Natal, que serão acesas no final do mês. Nas Amoreiras, voltou o memorável presépio, que é uma proeza de Cláudia Perdigão. Estende-se como uma narrativa ao longo da escadaria principal, aproveitando os degraus como socalcos de uma paisagem acidentada, ideal para recriar episódios distintos da vida do Bebé de Belém. Muitas cenas são animadas por figuras mecânicas, com água a correr, moinhos a rodar, animais em movimento e gente atarefada nos afazeres do dia-a-dia. Nesta viagem no tempo, recuam-se dois mil anos e descobre-se uma multidão, em que apenas uns poucos terão reparado no nascimento daquele Recém-nascido especial, numa réplica perfeita da realidade.
As mais emblemáticas caves e casas vitivinícolas recebem grupos para visitas guiadas e provas de vinho, nesta época, acrescentando-lhe sabores a magusto (ex. perto de Lisboa: Casa Ermelinda de Freitas; múltiplos programas por todo o país em https://winetourexperience.pt/categoria-experiencia/experiencias-vinicas/).
De 7 a 16 de Novembro, a Golegã volta a engalanar-se para a concorrida Feira do Cavalo, em grandes comemorações após o recente reconhecimento da Equitação Portuguesa como Património Imaterial da Humanidade, pela UNESCO. Programa em https://feiradagolega.com/programa/.
O mês de Novembro tem ainda a particularidade de arrancar com duas festas únicas: a de Todos os Santos (é fantástico reconhecer e lembrar multidões anónimas, que escolheram viver com grandeza e generosidade) e a dos Fiéis Defuntos (no mundo anglo-saxónico, a festa amplia-se e celebra todas as almas /All Soul’s Day). Ambas inspiraram um texto interpelativo sobre os que já Partiram, numa abordagem cheia de Esperança, que ecoam as palavras luminosas do Papa Leão XIV sobre o facto de a morte dos que nos são queridos nos abrir para o futuro em que voltaremos a estar reunidos: «We continue to carry them (the beloved ones) with us in our hearts, and their memory remains always alive within us (…) Our Christian faith… help us to experience our memories as more than just a recollection of the past but also, and above all, as hope for the future. It is not so much about looking back, but instead looking forward towards the goal of our journey (…). It is the hope founded on the Ressurrection of Jesus who has conquered death and opened for us the path to fullness of life. (…) Without his love, the voyage of life would become a wandering without a goal, a tragic mistake with a missed destination… The Risen One guarantees our arrival, leading us home (…). In love, God will gather us together with our loved ones. And, if we journey together in charity, our lives become prayer rising up to God, uniting us with the departed, drawing us closer to them as we await to meet them again in the joy of eternal life. (…). May this promise sustain us… towards the future that never fades.»
MULTIDÃO DE ESTRELAS
a dos Santos.
Passam na estrada silenciosos
levando as estrelas das bem-aventuranças gravadas
na fronte.
São de todas as raças
de todas as cores
de todos os partidos
de todos os povos.
Passam na estrada
silenciosos
comovidos
Misteriosa Via-Láctea de estrelas
que na noite cerrada
ilumina o caminho»
Pedro Jorge
O frio suave, mas húmido, do Outono lisboeta convida a programas intramuros, onde calham bem os lanches suculentos, aquecidos a chá ou a chocolate quente e acompanhados de scones, de uma fatia de tarte de frutas ou daqueles bolos clássicos das boas cozinhas, fiéis à receita de sempre... As noites longas tornam os lanches e as ceias tardias em refeições de festa, enquanto o cheiro da terra regada pela chuva ou das castanhas assadas ou da lenha a arder numa lareira nos aconchega por dentro. Venha o frio e venham os dias curtos… que nada há a temer!
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)






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