josé padilha, o realizador do filme-choque (reaccionariamente realista ou realisticamente reaccionário?) 'tropa de elite', apresentou, há poucos dias, em pleno festival de berlim, a sua obra mais recente.
de seu nome 'garapa' (nome dado a uma mistura de água com açúcar que algumas comunidades pobres brasileiras dão às suas crianças, como substituto de leite..), é, dizem-nos os jornais, um retrato justo e comovente daquilo que todos os dias fazemos por ignorar: a pobreza. neste caso, através de um dos seus mais brutais sinais - a fome.
'garapa' não nos fala - não nos mostra - a 'fome limite', as paisagens de morte que vemos regularmente na televisão. mostra-nos antes a fome que está um ou dois degraus antes nessa escala do horror: a fome que resulta da privação de uma alimentação minimamente equilibrada, aquelas pessoas que se alimentam, irregularmente, fazendo concessões diárias, interrompendo a ingestão de alimentos quando calha, não tendo acesso nem à quantidade nem à qualidade definida como aceitável pela organização mundial de saúde. no limiar da sobrevivência, pode dizer-se com propriedade.
este cavalheiro, que não conheço de todo, depois de ganhar um dos maiores prémios de cinema que existem, de ser objecto de toda a atenção mediática, em vez de ir para os 'estates' fazer filmes (ainda pode ir, claro está..), decidiu ir fazer uma espécie de osmose entre cinema directo e documentário. escolheu o seu país - esse tal país maravilhoso dos bilhetes postais e de tudo aquilo que, de facto, o brasil tem de maravilhoso -; escolheu um tema de que ninguém gosta de falar em abstracto, quanto mais de ver em concreto..; escolheu uma abordagem, ao que me dizem, de um respeito pelas pessoas retratadas que é incomum, dado o contexto muitíssimo delicado que a película (ou o digital) capta.
não te conheço de lado nenhum, volto a frisar. mas, caro josé padilha, és um homem que merece o H. sabes porquê? porque o gesto é tudo. e um gesto é muito, é tanto.
Deus te pague.
de seu nome 'garapa' (nome dado a uma mistura de água com açúcar que algumas comunidades pobres brasileiras dão às suas crianças, como substituto de leite..), é, dizem-nos os jornais, um retrato justo e comovente daquilo que todos os dias fazemos por ignorar: a pobreza. neste caso, através de um dos seus mais brutais sinais - a fome.
'garapa' não nos fala - não nos mostra - a 'fome limite', as paisagens de morte que vemos regularmente na televisão. mostra-nos antes a fome que está um ou dois degraus antes nessa escala do horror: a fome que resulta da privação de uma alimentação minimamente equilibrada, aquelas pessoas que se alimentam, irregularmente, fazendo concessões diárias, interrompendo a ingestão de alimentos quando calha, não tendo acesso nem à quantidade nem à qualidade definida como aceitável pela organização mundial de saúde. no limiar da sobrevivência, pode dizer-se com propriedade.
este cavalheiro, que não conheço de todo, depois de ganhar um dos maiores prémios de cinema que existem, de ser objecto de toda a atenção mediática, em vez de ir para os 'estates' fazer filmes (ainda pode ir, claro está..), decidiu ir fazer uma espécie de osmose entre cinema directo e documentário. escolheu o seu país - esse tal país maravilhoso dos bilhetes postais e de tudo aquilo que, de facto, o brasil tem de maravilhoso -; escolheu um tema de que ninguém gosta de falar em abstracto, quanto mais de ver em concreto..; escolheu uma abordagem, ao que me dizem, de um respeito pelas pessoas retratadas que é incomum, dado o contexto muitíssimo delicado que a película (ou o digital) capta.
não te conheço de lado nenhum, volto a frisar. mas, caro josé padilha, és um homem que merece o H. sabes porquê? porque o gesto é tudo. e um gesto é muito, é tanto.
Deus te pague.
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