Dirijo-me à Câmara Municipal de Lisboa, edifício do Campo Grande, para assinar uma escritura de cedência de direito de superfície de um imóvel que permitirá à Acreditar ampliar a sua casa de Lisboa e, com isso, evitar as inúmeras e terríveis listas de espera de famílias que precisam de ficar connosco.
A escritura decorre na maior normalidade: uma ou outra dúvida, ligeiro atraso, interlocutores simpáticos e com palavras elogiosas relativamente ao nosso trabalho, às nossas Casas, àquilo que é a nossa missão. Uma fotografia da minha mão (ver um canhoto, como eu, a escrever é sempre ter o confronto com uma bizarria da natureza, parece um acto aleijado...) grava o momento.
Saio satisfeito, multiplamente satisfeito. Espera-me um almoço com o meu querido amigo fq, o acto notarial foi curto dando-me tempo para resolver alguns assuntos pessoais / profissionais, e cumpri um gosto enquanto presidente da Acreditar. Não tenho mérito, apenas orgulho. No final de 2019 este novo lado da Casa encher-se-á de gente que nos bate à porta, que ali sentirá uma casa longe de casa. Talvez um dia devolvamos os imóveis à Câmara, porque já nada daquilo serve, que a batalha do cancro pediátrico foi vencida. Não acontecerá no meu tempo, mas não é por isso que deixo de imaginar o dia.
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Em Lisboa já não uso moedas para o estacionamento. Socorro-me de uma aplicação da EMEL que funciona na perfeição, identifica correctamente o local onde estou. Em menos de 1 minuto cumpro o meu dever de cidadão lisboeta e pago o estacionamento. Mas tecnologia é tecnologia, e um dia há-de falhar. Foi o que pensei quando cheguei ao carro e vi um papel no pára-brisas: uma multa! Não era, afinal. Mestre Isa (um cavalheiro, porque dotado) resolve tudo, até o afastamento e aproximação de pessoas amadas. Porque será que alguém quer afastar pessoas amadas?
A publicidade é fantástica, a gama de intervenção infinita, quase. O português irrepreensível, até porque fala em problemas acima mencionados, o que é uma construção sintática que revela cuidado. A manhã não podia ser mais auspiciosa, confesso. Parto para o almoço com outro ânimo, sossegado com a perspectiva do Mestre Isa me resolver questões de inveja e insucessos. Fora os outros...
JdB
1 comentário:
o que mais me tocou foi a promessa de prender em nós uma nova vida.
Nunca tinha pensado que a vida também se prende. Achei que era inevitável.
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