Como recém-aderentes à Netflix, andamos a navegar, a pesquisar o que existe para além da série que seguimos agora - Crown. Seleccionei um documentário que se intitulava Minimalismo, e que tinha um subtítulo de que não me lembro bem, mas que remetia para a importância de algumas coisas, ou de ter poucas coisas. Em condições normais talvez não visse o documentário, mas o interesse foi-me suscitado pela minha tese de doutoramento, que aborda este tema.
Devo confessar que vi 15 minutos - talvez nem isso. Ao minimalismo referido no título correspondia o minimalismo do conteúdo, que se limitava a dois colegas de trabalho que, após uma dedicação excessiva à carreira viam-se livres de lastro: até onde vi, roupas e mobílias. Aparentemente fazem palestras pelo país, abraçam as pessoas (não têm de ser minimalistas ao nível do cumprimento) e, dizem-me fazem dinheiro com isso. Talvez esteja a ser injusto na minha apreciação pelo facto de ter visto apenas uma parte. Estou convicto, no entanto, que o resto seria mais do mesmo: menos camisas, menos cadeiras, menos sofás, mais felicidade.
Marie Kondo, a guru da arrumação, de que já aqui falei, ajuda a dobrar camisas - as tais de que os outros se querem libertar. A japonesa fala com a casa e com a roupa, os minimalistas (não me lembro dos nomes) acabam a falar sozinhos, porque querem livrar-se de tudo. Tudo isto passa na Netflix, arrasta multidões, é mencionado nas redes sociais ou em conversas de amigos. Por mim está visto. Achei o programa (ou o que vi do programa) de uma pobreza muito americana: entusiasmo, oh my god, vidas que se expandem com o encolhimento do guarda-fato, muita alegria e satisfação por uma luz que se viu: no caso da japonesa ao dobrar-se um par de cuecas; no caso dos outros, ao alienar-se uma mobília de casa de jantar.
Na verdade, não é preciso muito para se inundar uma casa e uma vida de satisfação. O erro é meu, que não tenho T-shirts dobradas em três e dou valor às minhas gravuras...
JdB
1 comentário:
Obrigada ela dica.
Depois de ver o programa fiquei fascinada com a ideia de vender o meu carro e passar a andar de skate. Não resulta porém, não tenho 30 anos nem vivo em cidades planas.
O que poderia fazer para atingir este tipo de felicidade? Viver com duas calças tipo fato de treino, duas t-shirts e um casaco polo para os dias mais frios de inverno. Ganhava espaço no armário, deixava de ir a eventos sociais e nunca mais ia ao cabeleireiro. Vale a pena? fiquei curiosa!
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