A música escolhida faz-me regressar aos idos tempos do liceu, na outra banda, antes de Abril de 74. A talhe de foice, convém esclarecer que provenho de uma família (conservadora) em que essa arte não desempenhava um papel central: não tínhamos pick-up, ouvíamos programas musicais numa telefonia manhosa e desafinada, à mistura com relatos do Belenenses, na época o clube com mais adeptos naquela zona. E que, podem crer, ganhava então uns joguinhos!
Como era, e sou, o mais velho de vários irmãos, coube-me ir desbravando vários caminhos. Um deles o musical. Eram tempos fortes de contestação e atrevimento, sobretudo naquela margem esquerda do Tejo, que não eram acompanhados pela família, pouco ou nada propensa à revolucionarite em acelerado curso. Lembro-me bem das discussões políticas sobre questões de que mal ouvira falar em casa, das livrarias em que, por detrás de uma porta escondida, se vendiam livros proibidos, dos cantores de protesto, dos discursos inflamados de alguns colegas nos intervalos das aulas…..
Essas ideologias pseudo-vanguardistas nunca me encantaram e, basicamente, prevaleceram nessa matéria os princípios familiares em que fui educado. Acho que os tempos que se seguiram me deram razão nessa escolha. Vinda dessa área, privilegio sobretudo alguma música popular portuguesa, da melhor que se fez neste cantinho do mundo, e alguns dos seus magníficos intérpretes, a que me dedicarei qualquer dia.
Também fui tomando contacto com grupos estrangeiros. Os Procol Harum foram um deles, tendo-me sido oferecido por um dos meus colegas desse tempo, hoje em dia político de renome, o single “Conquistador”, o primeiro disco a entrar no meu quarto. Passados uns tempos, chegou um pequeno gira-discos, que muito nos alegrou.
Como gosto mais de “A Salty Dog”, fiz uma pequena batota.
Espero que gostem!
fq
* publicado originalmente a 22 de Março de 2011
2 comentários:
Venham então essas notas musicais!
Procol Harum foi o primeiro conjunto ligeiro que percebeu que tinha que estudar os Clássicos. A whiter shade of pale (de Bach) foi s sua entrada triunfal. Seguiram-se uns poucos (mas bons) álbuns, com orquestras e coros.
A propósito, comprei dois LP de José Afonso gravados em Paris. Comprei-os na Valentim de Carvalho bem antes do glorioso 25. A sonoridade do grupo é inconfundível.
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