eras jovem, nesses dias.
descobrias o mundo como nos versos adolescentes que agora mimetizas,
recordação na ponta dos dedos de qualidades há muito perdidas
- como a inocência.
eras jovem, nesses dias.
cada disco novo era, para ti e para os teus amigos, uma quase epifania,
a mais bela das mais belas catedrais há muito esquecidas,
- uma religião inteirinha ready made.
eras jovem, nesses dias.
rezavas ao ian, ao jim, a todos esses heróis geracionais,
que os mais velhos passavam aos mais novos,
- o santo graal mais precioso
bebido em volta das colunas de som.
(e tu,
crente entre os crentes,
como anos mais tarde
perante o amor.)
eras jovem, nesses dias.
o mundo ajoelhava-se perante ti (here come the young men!),
e era tudo o que precisavas de saber,
- mesmo que o verbo certo fosse, sabes hoje, sentir.
eras jovem, nesses dias.
e, descobrias maravilhado,
que ainda eras um homem.
um homem,
nesses dias.
um homem,
por uns dias.
gi
As melhores viagens são, por vezes, aquelas em que partimos ontem e regressamos muitos anos antes
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