“Pega na tua cruz, nega-te a ti mesmo e segue-me …” que palavras tão duras. Quem é que, no seu perfeito juízo, se nega a si mesmo? Talvez os mártires, as freiras de convento, os monges budistas, os verdadeiros santos, mas não nós, comuns mortais. E que quer isto dizer, negar-se a si mesmo? É anular-se? Ser low profile, não dar nas vistas, não ter opinião nem intervenção? É ouvir e calar? É ver e desviar? Sentir e desdenhar? Não, não e não. Deus fez-nos à sua imagem e semelhança e essa semelhança deve, pelo contrário, ser bradada aos 7 ventos. Deve ser o nosso cartão de visita, a nossa projecção no mundo e nos outros. Um verdadeiro Cristão não deve anular-se, muito pelo contrário, deve mostrar-se. Então, o que é isto de negar-se a si mesmo? Gostava de ouvir a v/ opinião, o vosso ponto de vista.
O que me ocorre como possivel explicação ou interpretação, como lhe queiram chamar, será talvez a consciência de que cada um de nós não é o fim, em si próprio, mas um simples instrumento ao serviço de Deus. O nosso corpo serve para armazenar a alma, não é nosso e a alma serve para servir a Deus, não é nossa. Somos pincéis nas mãos do artista.
Domingo se fores à Missa... Nega-te a ti mesmo
Maf
Evangelho segundo S. Lucas 9,18-24.
Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?»
Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.»
Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.»
Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse;
e acrescentou: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»
Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me.
Pois, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa há-de salvá-la.
4 comentários:
Não é negar, negar, no sentido de deixarmos de ser quem somos, pessoas com falhas grandes e pequenas. Parece-me que é qualquer coisa mais na linha do que São Paulo terá dito: não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. É deixarmo-nos de tal forma possuir pelo exemplo de Cristo, é "compreendê-lo" tão bem, que a sua mensagem, a do Amor, se entranha nas nossas células e passamos a ser um outro. O mesmo, mas outro, acho que me percebe. Ama e faz o que quiseres, de Santo Agostinho, é talvez a frase que dá continuidade a este meu (muito livre e pessoal) raciocínio. Adoro a forma como comenta os evangelhos de Domingo. Obrigada, maf. pcp
maf: talvez o negar se refira ao abdicar de vidas egoístas e centradas em nós próprios para determos o nosso olhar sobre quem sofre e sobre quem precisa. No fundo, sobre o nosso próximo. A nossa cultura judaico-cristã ainda nos leva a pensar muito na cruz como símbolo de sofrimento, quando não é mais do que um símbolo de Amor. E não há maior amor do que "dar a vida" pelo próximo.
Obrigado pela sua quinzenalidade tão bem conseguida.
pcp, jb, vocês já repararam como, invariavelmente, chegamos sempre à mesma conclusão ? tudo começa, tudo passa e tudo termina afinal numa única palavra: AMOR. JB desafio, a si, a postar um dia sobre o amor ... este amor de que nós, cristãos, falamos, ok?
pcp, você acertou em cheio, BINGO : Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim.
JB, você bem podia promover um almocinho com a PCP (se ela quiser, claro) gostava de a conhecer :-)
Bjs Mafianos
Maf, não é preciso o JdB promover o almocinho! Eu própria o posso promover. Tenho imenso gosto, digo-lhe já. Simplesmente trabalho na Junqueira e estou longe de tudo (nomeadamente da Fontes Pereira de Melo). Deixe-me pensar numa solução e digo ao dono do estabelecimento, está bem? bjs, pcp
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