15 fevereiro 2012

Diário de uma astróloga – [19] – 15 de Fevereiro 2012

Os elementos

Esta semana encontrei-me, mais uma vez, na situação de explicar como a astrologia, como fonte de conhecimento, foi marginalizada pelo racionalismo cartesiano. Lembrei-me de que não conhecia a carta de René Descartes em graças à maravilhosa internet, imediatamente a encontrei. Tive um baque…. Pensei que me tinha enganado. Cartesianamente fui controlar as fontes de informação mas ele tinha mesmo nascido em 31 de Marco de 1596, em Descartes, França. A vilória mudou de nome posteriormente para celebrar o seu mais distinto conterrâneo. Enfin! O meu olho astrológico descobriu a verdadeira causa da filosofia cartesiana.
Para explicar a minha surpresa tenho que me debruçar sobre uma das bases da interpretação astrológica, e juntar alguma psicologia.
Os elementos em astrologia são quatro: fogo, terra, ar e água. Para quem está habituado a lidar com a tabela dos 118 elementos este número parece ridículo, mas faço notar que os estados da matéria que eram três – sólido, líquido e gasoso (terra, água e ar) –  são agora quatro porque incluem plasma (fogo). De qualquer maneira, estes quatro elementos que se encontram na natureza fornecem uma síntese relativamente à forma como nos relacionamos com o mundo. Resumidamente:

Fogo (Carneiro, Leão e Sagitário) – irradia energia, anima, dinamiza, dá impulso criativo, entusiasma, comporta-se com optimismo, alegria, virado para acção.
Terra (Touro, Virgem e Capricórnio) – elemento voltado para o prático, o fundamental, o físico nomeadamente para o corpo humano, aprecia permanência, forma, estrutura. Deseja segurança, incluindo a acumulação de bens.
Ar (Gémeos, Balança e Aquário) – simboliza a mente, a vontade de comunicar quer por escrito quer oralmente, o mundo dos pensamentos e das ideias. Adjectivos como intelectual, teórico, racional, lógico aplicam-se a este elemento.
Água (Caranguejo, Escorpião e Peixes) – representa o mundo dos sentimentos e das respostas instintivas. A capacidade de se ligar emocionalmente, de ser vulnerável, de sentir dor. Este elemento comporta-se com intuição e com compaixão.

Pessoas com falta de fogo nos seus temas natais deveriam ter pouco confiança na sua criatividade e terem uma certa aversão pela acção e agressão. Encontrei logo excepções: Sean Connery célebre pelos filmes de acção 007 e Mozart, um vulcão de criatividade cujo fogo se ouve no concerto para piano K 22, 3º andamento… Acho até que se podem “ver” as chamas a subir. 



Aliás, sua criatividade foi de tal maneira forte e precoce que o consumiu muito depressa.


Pessoas com falta de terra deveriam ter pouco ligação ao dinheiro e ao corpo. Como se explica que Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, tenha pouca terra na sua carta, assim como Rodin que dedicou a sua vida a criar formas do corpo humano e com sensualidade?
Outro exemplo, mais comezinho mas não menos interessante de uma carta com pouquíssima terra, é o da modelo australiana Elle Macpherson que ficou conhecida por “The Body”.
Pessoas com falta de água deveriam ser pouco sensíveis… No mundo dos compositores encontrei dois com muito pouca água: Claude Debussy que compôs “O Mar” e Beethoven, onde a emoção não falta… basta ouvir a Sonata “Ao Luar“.  



O universo diverte-se connosco quando não pôs água na carta de Mark Spitz, nadador que ganhou 7 medalhas de ouro nos jogos olímpicos de Munique.
À primeira vista, uma pessoa sem ar estaria mais à vontade no mundo da acção pura, ou no dos sentimentos e no dos assuntos práticos, mas já perceberam… o Descartes não tinha ar na sua carta, aliás assim como Einstein e o grande escritor de contos Guy de Maupassant.
Como se explicam estas excepções? Nós temos todos os elementos no horóscopo mas a disposição dos planetas pelos elementos têm reflexo na psique de cada um. Um elemento pode estar melhor ou pior representado. Se bem representado pode ter uma expressão positiva ou negativa. Se pouco representado lidamos psicologicamente com essa falta também de duas maneiras: ou ignoramos as características desse elemento na nossa vida projectando-as nos outros e dessas pessoas não reza a historia, mas, se estão presentes outros aspectos reforçadores, entramos num mecanismo de (super) compensação tornando as características desse elemento na nossa raison d’etre e na fonte da nossa criatividade.
A frase cogito ergo sum isto é “penso logo existo”, escrita pelo filósofo e matemático que alterou o pensamento científico no séc. XVII, o pai da geometria analítica e do sistema de coordenadas foi, sem sombra de dúvida, causada pela obsessão pelo racionalismo cuja raiz é a falta do elemento ar no tema natal e, consequentemente, na psique de René Descartes…
Uma coisa tão simples como a falta de um elemento faz com que esta vossa astróloga, malgré tout cartesiana, ainda esteja a escrever sobre ele…  362 anos depois da sua morte (11 de Fevereiro de 1650).

Luiza Azancot

1 comentário:

Ana CC disse...

As coisas que vais buscar.
De facto, a experimentação a verificação e a confirmação são coisinhas da razão, mas podem estar associadas à objectividade da acção, à reposição do equilíbrio. O ar envolve mais subjectividade, mas jogo de cintura.
Descartes racionalizou o mundo da ideias - apostou na dúvida metódica e orientou a razão para atingir o verdadeiro conhecimento. Pegou fogo ao status quo!

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