24 fevereiro 2012

Moleskine


Confesso que nunca tinha visto um equipamento semelhante, adequado para quem tem vagar mas gosta do seu chazinho a tempo e horas. Na parte frontal tem um relógio e um sistema de programação. Na parte de trás, dois recipientes de design luxuoso. Num coloca-se a água. No outro o chá (recomendo Earl Grey, perfumado com bergamota, da Twinings, que sempre tem 300 anos...). Define-se a hora e, quando ela (a hora) chegar, a água levanta fervura e derrama-se sobre as folhinhas (nada de saquetas!) vizinhas.
- a que horas quer o seu chazinho, senhor engenheiro?
- deixe estar, Maria, que eu programo a máquina... 
- o senhor engenheiro está a automatizar as tarefas domésticas?
- ó Maria, eu conseguia lá prescindir de si!
- e eu de si, senhor engenheiro...

***



Mandaram-me este link, e em boa hora o fizeram. É um dos filmes da minha vida, num tempo em que o cinema francês ainda dava cartas, com comédias e policiais, entre outros géneros sobre os quais a ignorância me impede de falar. O leque de actores é notável, dos quais destaco Jacques Brel e Lino Ventura. Dois minutos e dezassete segundos de genuíno gozo, a abrir o apetite para rever o filme L'aventure c'est l'aventure
PS: Já fiz isto na praia do Guincho mas bateram-me com uma raqueta...

***


O restaurante chama-se Casa de Pasto da Palmeira e fica na Rua do Passeio Alegre, ao Porto. Estive lá acompanhado, há alguns meses. Degustámos petiscos, porque é isso que o estabelecimento serve. Comemos queques de alheira com grelos (muito bom), confit de pato (enfim, já comi melhor) e outra coisa de que não me lembro, mas de boa qualidade. Rematei com um doce, porque não gosto de boca de lacaio. Não me lembro qual, porque tenho a memória enfraquecida. O café é servido nestas coisas moles que mais parecem uma orelha grande de um porco rosado. As mãos cuidadas e finas que agarram os artefactos são minhas e, por enquanto, não são servidas como petisco, o que revela a prudência dos donos. Às vezes fazem petiscos, mas isso fica para outras núpcias.

***


Curral das Freiras, Janeiro de 2012 (ou Dezembro de 2011, já não sei bem) 

JdB


3 comentários:

Ana CC disse...

Hoje temos aquilo a que chamo "vareio".
Desde a maquineta fascinante, passando pela orelha de porco, ao curral das freiras sem nuvens, temos de tudo, mas o link mata-me. Já não há cenas destas, os homens encheram-se de vergonha, ou a pseudo igualdade, tão desejada pelas mulheres inseguras, inibiu-lhes a vontade de seduzir e a ingenuidade com que faziam figura de parvos.
Que momento este!
Belos salpicos. Estou como a Maria, já não prescindo desta crónica.

Anónimo disse...

Gosto imenso destes salpicos variados. Concordo imenso com o comentário acima. pcp

Anónimo disse...

Soberbo Moleskine!!
Abr
fq

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