11 abril 2012

Diário de uma astróloga – [23] – 11 de Abril de 2012

Marte retrógrado

No próximo dia 14, o planeta Marte retoma a seu movimento directo. Pelo menos parece que desta vez nenhum pais começou uma guerra! Passo a explicar a razão do meu alívio.
O planeta Marte completa a sua órbita à volta do Sol em 688 dias, mas uma vez cada dois anos, visto a partir da Terra, “parece” que diminui de velocidade até ficar parado (na gíria astrológica usamos o termo estacionário) e depois “parece” que anda para trás (movimento retrógrado). Ao fim de dois meses e meio, fica novamente quase parado e depois retoma a sua órbita habitual dirigindo-se para Este. Marte este ano tem estado a “andar” no sentido contrário desde 24 de Janeiro. 
O planeta foi baptizado com o nome do deus romano da guerra, possivelmente porque tem uma aparência vermelha, a cor do sangue. O Marte mitológico era valente e corajoso e tinha como companheiros Hons (honra) e Virtu (virtude). Os romanos consideravam-no tão importante que deram o seu nome ao mês de Março, mês em que o Sol entra em Carneiro, signo regido por Marte. 

Marte e as suas luas

Os deuses romanos têm a sua origem na mitologia grega, onde Marte se chamava Ares e tinha uma narrativa muito mais brutal. Andava sempre acompanhado de Deimos (medo) e Phobos (pânico), aliás os nomes que os astrónomos do séc. XIX escolheram para as suas duas luas. A irmã gémea de Ares chamava-se Eris (discórdia). Tinha outra irmã, mais civilizada mas também guerreira, Athena, que o descreve como uma coisa raivosa, vinda do mal.  Não sei explicar porque é que Marte teve um “upgrade” na transição da Grécia para Roma, mas para perceber a sua energia acho que é necessário incorporar o aspecto nobre e o aspecto feroz. A guerra tem, com certeza, estas duas facetas.
Em termos da consciência humana, Marte ficou relacionado com os militares e a guerra. Por exemplo, o “Champ de Mars” em Paris é ao lado da Ecole Militaire e “Campo Marzio” em Roma era a zona onde se faziam exercícios militares.
Em termos históricos, tem-se verificado que as guerras que começam quando Marte está retrógrado ou estacionário, têm péssimos resultados para o agressor. Quem começa perde!
Conhecem o episódio em que Páris de Tróia raptou Helena, a mulher do rei de Esparta? Esta agressão instigada por Eris deu origem a uma guerra mítica descrita por Homero. O deus Marte estava do lado dos troianos, a sua irmã Atena do lado dos Gregos e a coisa não correu bem para os troianos, o que me leva a pensar que o planeta Marte estava retrógrado. Infelizmente temos outros exemplos mais recentes:


“Ares e Athena”   Jacques-Louis David  (1748-1825)                   “Paris e Helena” (detalhe)  

MARTE RETRÓGRADO
                                  

22 Junho – 24 Agosto de 1939: Hitler tinha marcado a invasão da Polónia para 26 de Agosto. Acabou por se realizar a 1 de Setembro, com Marte praticamente estacionário. 
28 Janeiro – 19 Abril de 1965: o Vietname já era teatro de guerra há muito tempo, mas o início oficial do envolvimento americano no terreno foi a a 8 de Março, quando Lyndon Johnson envia 3.500 “marines”. 
16 Janeiro – 6 Abril de 1980: a Rússia já tinha uma presença no Afeganistão a pedido do governo local em 1978, mas decide passar para uma luta armada activa nos princípios de 1980. 
20 Fevereiro – 11 de Maio de 1982: a Argentina invade as Ilhas Maldivas / Falkland no dia 2 de Abril.
2 Janeiro – 24 Março  de 1995: a Rússia invade a Chechénia em Dezembro de 1994 com Marte estacionário. A guerrilha local reage, os Russos vão-se embora e Yeltsin declara que a Chechénia poderia tornar-se num segundo Vietname. E tinha razão! 


A actual guerra no Afeganistão começou em Outubro de 2001 com Marte directo, mas Obama oficializa a política de intensificação da presença militar e reforço das hostilidades no discurso anual “State of the Union”, a 27 de Janeiro de 2010. E Marte estava retrógrado desde o dia 9 de Janeiro. A única questão é quando é que os americanos percebem o que Yeltsin percebeu.
Em termos pessoais, Marte não só explica como gerimos situações de conflito, mas também como criamos o nosso espaço próprio, de quanta autonomia precisamos, como iniciamos projectos e como sentimos a nossa sexualidade. Tem um âmbito mais lato do que a guerra. Dependendo do nosso Marte natal e em que parte da carta transita Marte retrógrado, podemos, neste período, sentir a sua energia intensificada, como que sob pressão. Lutamos connosco próprios e pessoalizamos as nossas quezílias. Velhos rancores tornam à superfície. A regra para aproveitar os períodos de Marte retrógrado é: rever, redefinir os projectos em curso, reexaminar a nossa vida sexual, reconsiderar donde vem a raiva e também de onde vem a coragem. E sobretudo não entrar em guerra!

           
Luiza Azancot


4 comentários:

Ana CC disse...

Fazes o favor de me avisar sempre que Marte estiver retrógrado! Uma pessoa sempre veste a armadura (ou a lingerie mais sexy, sei lá eu).

Pois minha querida amiga, isto anda de facto em polvorosa e ao nível social tem sido complexo, mas se te centrares nos discursos da comunicação social, têm instigado à intriga, à quezília e ao conflito. Se voltarmos ao mês de Janeiro, houve de facto um período de acalmia das tensões, e dos mercados. Há dois meses para cá, tem sido uma miséria.
Há ainda quem duvide destas coisas?

JdB disse...

Como diria o Herman, havia tanto a dizer sobre este post e o marte retrógrado.
Há duas maneiras possíveis de ver este ciclo, se tivéssemos dele conhecimento prévio: protejo-me ou protejo os outros? Defendo-me ou digo como diria o Pessoa: Deus livra-me de mim...
Muito interessantes, os vários "r" finais.
Bom post, obrigado!

Luiza Azancot disse...

Foi distraccao minha, mas para me perdoar proximamente Venus entra retrograda (tambem uma vez de 2 em 2 anos) e prometo que aviso com tempo.

Anónimo disse...

Muito, muito bom. Particularmente interessante porque sou uma Carneiro com um Marte bem guerreiro e forte. Obrigadíssima. pcp

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