11 março 2013

Vai um gin do Peter’s?


Nada como uma tarde invernosa e de chuva para apetecer aqueles lanches clássicos, com chocolate quente grosso, ou um bom chá, a acompanhar os scones ou a torrada ou um bolo acabado de sair do forno. Apesar de o forte da culinária portuguesa se evidenciar mais nos almoços abundantes, há doces que vêm a propósito em qualquer refeição, a qualquer hora do dia, como os pastéis de nata.  

Quando em 2011 foram votadas as 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa, claro que ficaram no grupo dos eleitos. Ainda por cima são recomendados pelos nutricionistas, por serem uma alternativa bastante light na pastelaria lusa.

Além de ser das especialidades mais originais do nosso património culinário, tem obtido imenso sucesso nas quatro partidas do mundo, onde são replicados por empresários que sabem antecipar as oportunidades. Por exemplo, em Macau e Hong Kong, a iniciativa coube a um inglês, que percebeu logo o filão deste bolo tão decorativo. O mesmo aconteceu na Malásia, onde integram a ementa do Restoran de Lisbon. O rol de cidades cosmopolitas que os vendem, nos melhores cafés, parece interminável. Assim acontece em: Paris no Comme à Lisbonne (bairro do Marais), Nova Iorque na Bread Talk (Chinatown), Montreal no Ferreira Café, Buenos Aires na Padaria Florêncio, Xangai na Lilian Cake Shop, Pequim na Honey Bear, Singapura noo Tong Heng, etc. E isto sem falar da África lusófona e do Brasil.

Os deliciosos pastéis, com o inconfundível pacote da Fábrica de Belém    

À semelhança de quase toda a doçaria nacional, teve origem conventual. O início remonta a 1834, quando os monges dos Jerónimos foram obrigados a abandonar o Mosteiro, em consequência da política de expulsão das Ordens religiosas que se seguiu à Revolução Liberal de 1820. Alguém do mosteiro terá aproveitado a loja de cana-de-açúcar e refinaria contígua ao monumento, para aí vender uns pastéis conventuais. Em 1837, o confeiteiro português recém-chegado do Brasil – Domingos Rafael terá fundado (segundo algumas teses) a Fábrica dos Pastéis de Belém(1).

Naquela altura, toda a zona em redor da Torre de Belém era rio, chegando-se por barco, desde Lisboa. Os visitantes que viajavam até à ponta mais ocidental da cidade, para admirar a beleza dos dois monumentos de estilo manuelino, ficavam também encantados com os saborosos doces.



Cientes do seu sucesso gastronómico, os mestres pasteleiros que tinham apanhado a receita do convento, deram continuidade à confecção que, desde o segundo quartel do século XIX, se especializara naquela guloseima, respeitando os métodos artesanais de outrora. Ali é prestado juramento para a receita nunca transpirar as paredes da Oficina Secreta, como é conhecida a afortunada cozinha. Aliás, quer a receita, quer a designação já estão patenteadas.

Numa sequência de salas labiríntica, revestidas a lambrins de azulejo azul e branco, a velha Fábrica tem cruzado os tempos imune aos conturbados períodos da história nacional, desde as Guerras Liberais às fases revolucionárias que infernizaram a vida dos lisboetas. Quase bi-centenária, produz cerca de vinte mil pastéis por dia. Nas montras e demais vitrinas exibe os utensílios de origem, certificando a sua antiguidade.  





Aos poucos, outros pasteleiros foram-se aventurando em bolos que lembravam os dos monges dos Jerónimos, mudando-lhe a designação para pastéis de nata, como foram cunhados no Brasil. Reconheciam, assim, à confeitaria herdeira do segredo conventual, o uso do nome de origem.

Será este o segredo?... Ganha-se em saltar o anúncio com que abre o link: 




UMA PEQUENA-GRANDE HISTÓRIA EM E-BOOK

Para quem queira percorrer os quase oito anos de pontificado de Bento XVI, o Vaticano lançou um livro digital, com mensagens breves de um dos Papas mais lúcidos e sábios que o mundo alguma vez conheceu, ilustradas por imagens.

Num curto espaço de tempo, o Papa que se assume sem forças físicas para continuar à frente dos destinos da Igreja, ainda escreveu 3 encíclicas, a trilogia sobre a vida de Cristo e um sem número de estudos, realizou 24 Viagens ao exterior, participou em 3 Jornadas Mundiais da Juventude (Colónia, Sidney, Madrid), acabou de convocar o Ano da Fé… mantendo um ritmo intensíssimo, marcado por uma confiança ilimitada em Deus. Não por acaso, termina assim o seu pontificado:

«Encontro-me diante do último trecho do percurso da minha vida e não sei o que me espera. Contudo, sei que a luz de Deus está presente, que Ele ressuscitou, que a sua luz é mais forte do que toda a obscuridade; que a bondade de Deus é maior do que todo o mal deste mundo. E isto ajuda-me a prosseguir com segurança

http://www.vatican.va/bxvi/omaggio/index_po.html


A concluir, o testemunho expressivo de um agnóstico da área da cultura, referindo a força e modernidade do último gesto de Bento XVI e de todo o seu legado:



«Nos seus últimos dias de papa, Bento XVI apresentou-se diante de audiências globais, como uma "estranheza", ou como um "mistério" que nos interpela. Desse ponto de vista, foi um sucesso "mediático" porque é único: um homem alquebrado, mas com um sorriso poderoso, falando várias línguas de um modo geral bastante bem, lendo textos simples mas densos, cheios de história, onde os dois mil anos da Igreja se reflectem num fio condutor que apela a muitas memórias da cultura ocidental e da religiosidade.
  
A resistência à "modernidade", e foi o próprio Ratzinger que o lembrou, é mais moderna e interpela mais a descrença, do que a contínua cedência ao "mundo" secular, aos seus hábitos e costumes. E foi também por isso que, ao associar o seu acto prosaico de renúncia ao papado a uma "peregrinação" mística e de intensa religiosidade, apelou aos incréus, seus pares na mesma tradição greco-latina da cultura ocidental que tanto prezava, e fez muito mais pela "propaganda da fé" do que alguns dos seus pares mais modernizadores reconhecem. Usou o "espectáculo" para sair dele para uma dimensão muito alheia ao nosso quotidiano vulgar 
(…)  
Ver alguém que acredita, como o Papa Bento XVI, agora Papa Emérito, de uma forma tão gentil, sem aí ser frágil e "sem forças", faz muito para restaurar um respeito pela espiritualidade, uma atenção ao "mistério" ao sentimento do outro, mesmo que não restaure a fé, que é um dom e não depende dele. 
(…) 
É por isso que este Papa fez muito mais pela Igreja do que muitos cristãos pensam que fez.



In artigo do PÚBLICO de 2 de Março, sob o título «Peregrino» e assinado por José Pacheco Pereira.

Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)


 (1) www.pasteisdebelem.pt. Morada: Rua Belém, nº 84,Lisboa. Tel.213 637 423

3 comentários:

Anónimo disse...

Não me canço de dizer que uma coisa são os pasteis de Belém outra coisa são os pasteis de nata.Estes são uma delícia mesmo que feitos há algumas horas; os pasteis de Belém, quando arrefecidos, parecem massa de vidraceiro
SdB(I)

Anónimo disse...

Tb concordo. Os de Belém têm a graça da antiguidade. Mas imperdíveis mesmo tb voto nos de nata, MZ

Anónimo disse...

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