30 novembro 2015

Nos 80 anos da morte de Fernando Pessoa

O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. 
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

1 comentário:

Anónimo disse...

No único livro publicado por Fernando Pessoa há muitas ideias, conceitos, "despires de alma". Por isto, quem o aborda é levado pela própria sensibilidade, ou pela própria intenção.

Aqui o «Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!» é, para mim, a sua "mensagem". Eu iria buscar «Um período revolucionário é sempre uma ditadura dos inferiores», também de Pessoa.

Para mim, o melhor (e não gosto de poesia) é D. Fernando Infante de Portugal.

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