O MAIOR HOTEL LITERÁRIO DO MUNDO FICA PERTO DE LISBOA
À maneira das boas histórias, esta também nasceu num sítio lindo, com passado rico ideal para favorecer um futuro auspicioso. Por isso, o hotel mais literário do mundo instalou-se no interior das muralhas de Óbidos, mesmo ao pé do castelo, aproveitando a matriz arquitectónica de um antigo convento de 1830, já fora de uso.
O castelo, a porta principal das muralhas e o recorte azul-e-verde da lagoa de Óbidos. |
À vista das muralhas, o hotel temático abriu em 2015, no local onde funcionara o Hotel Estalagem do Convento. A cozinha (à dta.) é lugar de visita obrigatória. |
No projecto do casal Marta Garcia e Telmo Faria, os livros assumem o lugar de honra e invadem todo o espaço do THE LITERARY MAN ÓBIDOS HOTEL, pelo que a decoração se organiza em torno das abertas deixadas pelos encadernados de todos os tamanhos, muitos em inglês, num acervo de mais de 45 mil volumes, que continua a crescer. Já é o maior hotel-biblioteca do mundo. Os escritores portugueses estão logo perto da entrada, em lugar visível.
Sala-de-jantar |
No intervalo dos livros, há escadarias, a garrafeira, a despensa, algumas prateleiras para garrafas e copos, num ambiente que se pretende descontraído e familiar. |
Na cozinha, os visitantes podem participar na feitura da refeição, numa experiência de book and cook para praticarem as ementas tradicionais do chefe, numa ementa também carregada de história.
A decoração é sóbria e usa materiais reciclados, a somar aos azulejos, colunas de pedra e outras estruturas herdadas do convento oitocentista:
Numa das suites, dominam os painéis das réguas de madeira mesclada, feita a partir de aparas e desperdícios. |
Por último, veio a casa de pasto «The History Man». Não que faltassem restaurantes aos dois hotéis do casal, mas este concentra-se mesmo na sala de jantar e nas mesas da esplanada. Porém, o mérito começa na cozinha sempre aberta ao talento das visitas para uma patuscada divertida e cheia de bons sabores (espera-se). Aqui, impera a tradição dos antecessores dos restaurantes, privilegiando-se os produtos frescos da época e da região: as batatas da várzea vêm da Amoreira e de Olho Marinho, os legumes são do Arelho, as frutas da Usseira, as cebolas do Sobral e por aí fora.
Há umas décadas, o Turismo de Portugal lançou o slogan «Vá para fora cá dentro», para entusiasmar os portugueses a descobrirem e gozarem o país. Longe iam as restrições ao avião e às viagens longínquas, por recomendação sanitária. Hoje, há razões redobradas para ver e rever Portugal. Sítios giros não faltam. Haja tempo e condições para os (re)descobrir.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
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