DUETOS IMPROVÁVEIS E PERFEITOS
Quando Elvis morreu, prematuramente aos 42 anos, a filha – Lisa Marie Presley – ainda só tinha nove anos. Apesar de ser tão nova, apanhou muito do jeito musical do pai, em timbre grave, e seguiu igualmente uma carreira artística atribulada, onde terá pesado a aura paterna e a riqueza colossal que herdara. A vida também lhe saiu em turbilhão. Dos 4 maridos, um foi o pouco equilibrado Mickael Jackson. Nenhum dos 4 filhos adoptou o mítico apelido Presley. E o ano passado, um deles suicidou-se, apenas com 27 anos.
A ascensão meteórica de Elvis convertera-o em símbolo vivo do American Dream, terra de oportunidades, ideal para os talentosos florescerem. O rocker ainda acrescentava mais salero, insistindo numa ascendência índia (não confirmada nos estudos genealógicos), da tribo cherokee, a que pertenceria a tetravó, poeticamente chamada de Pomba Branca da Manhã. Nascido e criado num meio pobre, próximo do marginal (o pai estivera preso), ascendera a magnata num ápice. Como cantor, detinha recordes de audiências televisivas pelas quatro partidas do mundo. A par do estrelato, cedera aos vícios e aos excessos, além de se tornar um alvo incansável dos paparazzi e dos repórteres intrusivos. A sua morte repentina (nem essa poupada a fotografias indiscretas), mais tarde atribuída à extrema debilidade provocada pelas drogas, pôs a nação de luto e mereceu um elogio fúnebre do próprio Presidente Jimmy Carter. Claro que o título de rei do rock fixou-se-lhe para sempre.
O êxito não provinha apenas do seu magnetismo, da sua vitalidade, das coreografias ousadas e festivas. Possuía o dom maior e raro de uma voz poderosa, quente e cristalina, comprovado nas gravações mais antigas. Daí que a era digital lhe tenha sido tão favorável, prolongando a sua arte até aos nossos dias.
Precisamente, ‘surfando’ as novas oportunidades do digital, várias cantoras pop lançaram-se em duetos com os registos de voz e de imagem do rei, que lhe tinham escancarado o acesso aos mais prestigiados Halls de fama, nos Estados Unidos.
Em 2008, a craque da música country Martina McBride gravou um dueto muito bem sincronizado com Elvis, parecendo contemporâneos. Talvez não tivesse corrido melhor numa gravação em simultâneo. A impossibilidade do encontro ao vivo está na distância temporal entre ambos, que se traduziu num hiato de 40 anos entre uma performance e outra. O artista gravara em 1968, com 33 anos de idade, quando Martina contava dois anos apenas. Aliás, ele morreu quando ela chegou aos 11. Curiosamente, em termos de idade, é ele o mais novo do par, pois a cantora já passava bem dos 40. Mas nada destes desencontros de datas atrapalhou a interpretação da música de Natal preferida do rocker – «Blue Christmas», aqui numa versão especialmente doce e aconchegante:
Lisa em bebé, com os pais, Priscilla e Elvis. A cobertura fotográfica aos seus primeiros anos de vida percorreu mundo. |
Uma filha já crescida, que o pai não chegou a conhecer. |
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