Leio no Observador, de onde tiro a imagem acima, que esta fotografia de Georgina, Cristiano Ronaldo e os futuros gémeos, está no top 10 de fotos mais “gostadas” do Instagram. Em bom rigor está em primeiro lugar, com mais de 32 milhões de gostos. As restantes 9 que compõem o top 10 são de artistas, futebolistas, outros que não conheço. Uma delas é a de um teste de gravidez de uma socialite americana, que recolheu 26 milhões de gostos.
Tudo isto me surpreende, eu que sou uma alma antiga, antiquada, imobilizada num certo tempo, que gostaria de ver fotografias de actos heróicos, de abnegação, de serviço aos outros, de bondade, de conquista ou de superação. Porém, os gostos vão para pessoas que vão ter filhos ou que pintaram o cabelo de loiro.
A ideia de seguir outras pessoas nas redes sociais surpreende-me, já aqui o disse. Não percebo que se queira seguir a D. Dolores Aveiro, a Cristina Ferreira ou a gravidez de Georgina (e presumo que do Ronaldo também, embora não tenha certezas). Não são artistas, investigadores, cientistas, beneméritos, missionários. São gente que se revela a jogar futebol, a ser mãe de quem joga futebol ou mãe dos putativos filhos de quem joga futebol. Ou é gente que canta e pinta o cabelo de loiro (ou será amarelo?).
Nada me move contra esta gente, que faz o que quer, o que gosta e que é bom - ou mesmo muito bom - naquilo que faz. Mas haver mais de 32 milhões de pessoas que se comprazem com uma fotografia de um casal que vai ter filhos e que se auto-fotografa na cama, ostentando imagens de ecografias, não deixa de me surpreender. Sou eu que estou desfasado da realidade: em bom rigor, já nada devia surpreender-me.
JdB
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