Quando uma quantidade de energia de qualquer natureza desaparece numa transformação, então produz-se uma quantidade igual em grandeza de uma energia de outra natureza (Julius Robert Mayer, em 1842).
A energia total (mecânica e não mecânica) de um sistema isolado, um sistema que não troca matéria e/ou energia com o exterior, mantém-se constante (Max Planck, em 1887).
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É proverbial a resposta de Churchill à pergunta sobre a sua longevidade: não fazer sentado o que pode fazer-se deitado; não fazer em pé o que pode fazer-se sentado.
A história conta-se com o objectivo de por o interlocutor a rir. Isto é, no pensamento do estadista inglês há forçosamente uma nota de graça, uma curiosidade divertida saída da boca de um homem pródigo nestas respostas fulgurantes. De outra forma não poderia ser, pois a ideia de uma certa conservação da energia é pouco consentânea com a espiral de agitação e movimento que caracteriza os tempos modernos. E no entanto a história tem muito mais do que uma nota de humor.
Dos meus tempos de profissional das coisas multinacionais aprendi o conceito de eficiência vs eficácia (e não garanto acertar na distinção): to do the things right, versus to do the right things. Ser-se eficaz é, portanto, fazer as coisas certas, não fazer bem as coisas. Ora, como se confunde este distinção com uma certa noção de preguiça? Fazer o menos possível é sempre sinal de indolência? E fazer muito é sempre sinal de produtividade? Obviamente que a pergunta é extremada, mas o estabelecimento é albergue de raciocínios aos quais não se exige profundidade.
Levo o tema para uma dimensão bíblica, e dou a voz ao evangelista S. João (11, 1-3):
Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.»
O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Há nesta passagem bíblica um certo elogio da conservação da energia, se me é permitida a ousadia. Marta talvez fosse eficiente; Maria talvez fosse eficaz. Há uma espécie de elogio da inactividade em detrimento da acção que não é de deitar fora.
Hoje fiz a minha ronda de blogues habitual. E porque o mundo por vezes se aproxima da perfeição, encontrei este texto num blogue que frequento com muita regularidade. A coincidência não poderia ser maior:
Talvez uma das mais fundas e inexplicáveis ilusões da espécie humana resida na distinção, ou mesmo oposição, entre o repouso e o movimento. Esta distinção está na base, por exemplo, da diferenciação entre a acção e a contemplação, entre Marta e Maria. Aquilo que o viandante aprende na viagem, porém, diz-lhe outra coisa, diz-lhe que se deve mover como se estivesse em repouso e repousar como se movesse. Diz-lhe que deve agir contemplando e contemplar como a forma mais elevada de acção. Diz-lhe que Marta e Maria não são duas irmãs, mas apenas uma e a mesma pessoa que acolhe, de múltiplas maneiras, o Cristo em sua casa.
A fronteira entre a preguiça e a eficácia (na sua dimensão mais alargada) pode ser um fio de cabelo. Sei bem do que falo, porque tenho as duas dentro de mim...
JdB
* publicado originalmente a 29 de Outubro de 2014
1 comentário:
Gostaria de encontrar uma definição de Energia. Algo de concreto. Sempre houve gente a gastar o seu tempo com frivolidades, em geral baralhando um cérebro inocente.
Abraço
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