Viajo para o Kruger com colegas de voluntariado internacional. É gente que vem da Malásia, Nova Zelândia, Austrália, Índia, Chile, Grécia, Inglaterra. Acabamos os safaris e algumas pessoas dizem entusiasmadas: this is life changing. A primeira reacção é achar que life changing são outras coisas, bem mais importantes do que ver o elefante ou o rinoceronte. Talvez eu também o tivesse pensado, porque em 2008, quando estive no Zimbabwe por dois meses, também fiz isto, e também vi o elefante ou o rinoceronte. Fui revisitar o que então escrevi:
Fazer um game viewing é muito mais do que ver a girafa, o mocho, o ginete ou o hipopótamo. É estar ali, onde tudo se passa, ver o mato e a savana, o espaço e a cor (sempre as mesmas referências), o cheiro e a luz, o sol a pôr-se por trás das acácias, a brisa do fim da tarde a agitar as folhas do mopane, o calor confortável do meio do dia a contrastar com o frio tremendo da noite, a paisagem verdejante ou desoladoramente lunar. Fazer um game viewing é sentir, também, a frustração de não ter visto o leopardo, o único dos big five que não se quis mostrar… O que fizemos foi mais do que encontrar bicharada escondida numa ramagem, a assomar por detrás de uma árvore, a escapulir-se na margem de um rio seco.
E terminava com uma realidade que não encontrei no Kruger, e que tantas saudades me fez.
Por último, mas não menos importante, fazer um game viewing também é sair do jipe e, na orla de um charco, à vista de uma bola amarela que se põe no fio do horizonte, beber um gin and tonic, e realizar que nem tudo se perdeu neste país que já se chamou Rodésia.
Percebo bem o que disseram as minhas amigas da Austrália ou do Chile: this is life changing.
JdB
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