Aqui há uns anos fiz um teste de ADN que consistia em esfregar um cotonete na parte interior da boca, colocar num saco próprio e enviá-lo para os EUA. Ao fim de algumas semanas recebi o resultado: x% dos meus antepassados eram europeus, y% africanos, tinha z% de sangue ashkenazi. Depois, através do registo num site, comecei a receber informações sobre pessoas que, por via do ADN, se entendia serem meus primos em 1º grau, 2º grau, 3º grau e mesmo 5º grau. Como sei quase tudo o que quero saber sobre a minha família, o assunto nunca me interessou muito. Na verdade, identificar potenciais descendentes do meu 5º avô, e que agora vivem no Brasil ou na Suécia ou em França, não me pareceu interessante. Sei, no entanto, que há pessoas que vão construindo a sua árvore genealógica com informações provenientes destes testes e do cruzamento de dados.
Há dias, num dos emails habituais sobre parentescos, recebo a informação de que a Maria (nome fictício) era minha prima em 3ª grau; relativamente a um primo direito meu, a Maria era prima em 2º grau. É com base neste potencial parentesco mais próximo que vou desenvolver o meu raciocínio.
Ser minha prima em 2º grau significa que os nossos Pais eram primeiros direitos, os nossos Avós eram irmãos, os nossos Bisavós eram comuns. Isto tornava a Maria numa prima relativamente próxima, que valeria a pena conhecer um dia. Li o apelido da Maria e não me dizia nada enquanto potencial pessoa da minha família. Fui ver a ascendência da Maria (não sei se cheguei aos trisavós) - e nada! Não tínhamos um único apelido em comum.
Em contacto com um amigo ligado a este tema da genealogia, partilhei (do alto da minha ignorância) três possíveis hipóteses para este imbróglio:
1) a Maria não é filha / neta / bisneta de quem acha que é;
2) eu não sou filho / neto / bisneto de quem acho que sou;
3) estes testes são altamente falíveis.
A resposta deste meu amigo foi rápida, sendo que votava na hipótese 3.
Havia quem afirmasse que uma em cada três pessoas não era filha (ou seria neta?) de quem acha que é. Sabemos que a nossa árvore genealógica assenta em convicções, mais do que certezas. Estamos convictos de que somos descendentes de alguém porque há documentos que o afirmam, mas não temos uma certeza inquestionável relativamente a isso. Acontece que estes testes de ADN têm, supostamente, uma base científica, pelo que, ou há um problema com as nossas ascendências (e alguém, num determinado momento, terá sido protagonista de infidelidade) ou os testes são uma trapaça que convém desmascarar.
Não conheço a Maria, mas gostava de lhe perguntar: o que achou de saber que era prima relativamente próxima de umas pessoas cujo ascendente comum (conhecido) ninguém consegue identificar? O que é que isso lhe diz?
JdB
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