16 dezembro 2008

Poemas dos dias que correm


A SOLIDÃO E SUA PORTA

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sòzinho na batalha

e arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é solvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.

(poema de Carlos Pena Filho, roubado aqui)

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindíssimo, este poema! Mas tão triste! Impressiona-me "o peso do mundo" nos ombros do seu autor.

Prefiro a Esperança e a Solidez de Santa Teresa de Ávila:

Nada te espante
Nada te perturbe
Só Deus não passa
Só Deus não muda
Só a paciência tudo alcança.

A vida é difícil, horrorosa às vezes. Mas o viver na Esperança e no não-Medo transformam tudo.
PCP

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