15 julho 2009

Explicação

Quem, como eu, é crente, acredita que há uma eternidade à nossa espera, uma espécie de infinito do lado de lá da curva do caminho. Mas não precisamos de fazer esse caminho para nos perpetuarmos. Basta, tantas vezes, olhar para quem nos sucede na continuação de uma família, de um nome, de um gene. Quando pegamos um filho nos braços pela primeira vez, os nossos olhos alcançam o invisível, vêem para lá de uma cortina de desfocado onde se queda o que é imediato e comezinho. De alguma forma não existimos por nós próprios - recebemos de quem nos antecedeu, entregamos a quem vem a seguir a nós. É nesta dádiva que se cumpre, tantas e tantas vezes, um destino, porque o resto é efémero, transitório, consumível. Há dias em que pegamos na caneta com que escrevemos as primeiras histórias e a colocamos numa mão mais frágil, menos calejada, mas em cujas veias percorrem fluidos que dominamos, porque são também os nossos. Há dias em que nos ocorre uma frase para justificar uma ausência:

- Vai. Hoje é o teu dia.

JdB (editor e dono deste estabelecimento) que sabe do que escreve.

2 comentários:

arit netoj disse...

Querido João,
Não sei porque escreveu este texto mas, sem dúvida, você sabe do que escreve! A convicção e iluminação são prova disso.
Parabéns e beijinhos

Segismundo disse...

Até porque um homem só é um Homem quando planta uma árvore, escreve um livro e tem um filho. Alguns estão mais perto que outros. Alguns já chegaram.

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