Depois de três semanas fora de Lisboa, aproveito este espaço para partilhar um episódio que se passou em Vila Nova de Mil Fontes. Foi uma missa, como muitas outras que já fui na vida, mas o cenário em que se desenrolou foi diferente do habitual.
O sítio escolhido foi uma duna na praia do Malhão, e o primeiro sinal da cruz foi feito por volta das oito da noite que, nos dias compridos de Verão, é o mesmo que dizer ao fim-de-tarde. Como a ideia do local da missa foi uma inspiração momentânea (divina, talvez?), tudo teve de ser improvisado. O altar era uma prancha de surf em cima de uma geleira de praia, a cruz eram dois ferros de um guarda-sol presos com uma toalha, o Evangelho foi lido de um iPhone e os bancos eram para uns as cadeiras de praia que traziam de casa, e para os restantes a areia da duna. O único elemento que não foi improvisado foi o Padre, que já o era antes da ideia da missa campal.
A missa foi presidida pelo Padre Nuno Tovar de Lemos que, como a maioria dos Jesuítas, tem uma capacidade de comunicação muito acima da média. Deixo aqui as palavras com que o Padre começou e acabou a missa. O que se passou pelo meio, deixo à imaginação de cada um.
Que bom deve ser Deus para nos dar um fim-de-tarde tão bom como este. Que bonito deve ser Deus para nos dar um pôr-do-sol com esta beleza. Que generoso deve ser Deus para nos oferecer esta missa. Se tivesse sido eu a criar o mundo, assinava por baixo de cada paisagem. Mas Deus não. Oferece-nos toda a beleza sem vaidade e sem imposições. O Seu nome está lá, não precisa de o escrever.
Estou a lembrar-me agora de um filme italiano. Nesse filme um senhor monta umas cadeiras no topo de uma falésia e cobra às pessoas para se sentarem e assistirem ao pôr-do-sol. Aproveitemos este, que nos é oferecido.
3 comentários:
SdB, afortunados aqueles que estavam no Malhão nesse dia e que sorte terem o Pe.Nuno como veraneante de Mil Fontes. Há tempos, assisti a uma missa parecida com essa (embora previamente programada) na praia dos Salgados, perto de São Martinho do Porto e posso testemunhar que a experiência é quase mística.
Obrigado por partilhar a sua experiência connosco
Maf
Eu também já estive numa missa ao ar livre - também com Jesuítas, ainda o Padre Nuno estava a iniciar os seus passos no seu caminho de sacerdote - e adorei. É especial participar duma missa perdida no meio do campo, debaixo de árvores, sentados (e deitados) na erva, tendo como companheiros de natureza as lagartixas, os passáros, entre outros...é uma experiência única, mesmo. Obrigada, SdB III. pcp
Maf, pcp
Já estive em várias missas ao ar livre, e também com padres Jesuítas, quando fiz campos de férias Camtil. Mas nessa altura o meu forte não eram as missas, e nenhuma dessas várias em que estive é comparável a esta. Uma missa em cima do mar, completamente improvisada, e com a vista que se pode ver na fotografia foi completamente inédita para mim.
Obrigado pelos comentários,
SdB(III)
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