17 setembro 2010

quero(-te), quero(-me)

no tempo das suaves raparigas, às vezes a vida torna-se (quase) insuportável
de tão furiosamente bela, mesmo se esculpida por impossibilidade e ausência.
eu, que de mim há séculos não sei, rodeio-me de feminis enredos ou regaços
forma de me esconder do mundo, de mim próprio, de tudo o que é contingência.
quero o absoluto, quero o amor, o erotismo que dá vida e mata, quero tanto o
que é impossível, o que ata e desata, o que desatina e desbarata, o que me mata.
quero a vida salgada, a ternura que é brasa, quero o mundo como minha casa,
quero o final da perda continuada, das pessoas que dizem adeus, acabar com
esta personagem que é só caravana que passa (antes ser cão ou ser tua poeira
cósmica, sublime e devassa), quero o amor absoluto, a flor na ponta da espada,
quero respirar o tempo que passa, quero suor erótico na ponta do meu cabelo,
alcançar estrelas, mandar-me de cabeça, renascer de novo com outro coração,
matar de vez esta fome, esta sede, a insana loucura desta temível sofreguidão.

gi.

6 comentários:

Ana LA disse...

Sem palavras...uma beleza!

Anónimo disse...

Muito bonito!
fq

Anónimo disse...

sublime! pcp

Anónimo disse...

que bonito coro!
muito obrigado, minhas senhoras (creio..).
flores reconhecidas,

gi.

marialemos disse...

gi,

Gostei imenso. Tambem porque sabe bem saborear o Portugues que escreve quando por aqui se fala Ingles (correcto).

maf disse...

que força ! palavras que saiem das entranhas ! Bravo, Gi
(e desta vez percebi (quase) tudo) rrsrs

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