Desconhecia Sam Taylor-Wood até ter estado em Londres. Lembro-me que na altura, 2004-2005, aparecia muito nas revistas sociais inglesas, sempre sorridente e triunfante (venceu dois cancros), ao lado do seu marido, agora ex-marido, Jay Jopling, o dono da famosa http://www.whitecube.com/
Certo dia, vi num qualquer jornal londrino, já não me lembro qual, que Sam tinha inaugurado uma exposição de fotografia, precisamente na White Cube, sob o título Crying Men. Fiquei curiosa. Quis ver, in loco, a qualidade e a força (porque tinham necessariamente de ter força!) das ditas fotografias reunidas sob um nome tão curioso! Bem como a beleza dos homens retratados, já agora: entre eles, Jude Law, o homem com o sorriso mais bonito do planeta...
E assim foi. Pus-me a caminho, numa tarde chuvosa e cinzenta, para o East End londrino. Comigo iam alguns amigos, uns curiosos como eu, outros talvez porque não tinham nada de especial para fazer nesse sábado à tarde…
E aí, ao entrar nesse pequeno espaço que é a White Cube, percebi a razão de ser de tanto sururu. Realmente não é comum depararmo-nos com um conjunto de magníficas e sobredimensionadas fotografias em que homens famosos põem a nu a sua sensibilidade, chorando desconsoladamente. Foi muito estranho estar no centro daquela sala despojada, de um branco imaculado, e sentir-me uma espectadora da dor de outros. Ainda por cima da dor masculina, que não estamos propriamente muito habituados a presenciar.
Não posso dizer que tenha ficado particularmente em choque ou emocionada... não, acho que até me centrei mais nos aspectos “técnicos” das fotografias! Gosto de apreciar o enquadramento, a qualidade da imagem, as cores, os ângulos, as luzes e sombras, os detalhes... mas era, de facto, uma dor muito bem retratada, muito expressiva, muito pungente até.
Sei que as sessões fotográficas foram muito duras para os retratados, e que envolveram, nalguns casos, várias horas para conseguir chegar ao tipo de dores que Sam queria retratar: as dores mais “esquecidas”. Sessões que puseram os retratados a chorar para a fotografia e, em vários casos, a continuar a chorar demoradamente (dito pela artista em entrevista). Isso, sim, impressionou-me muito, esse prolongar da dor, essa dificuldade em estancar o sangue duma ferida aberta…
E por isso vos deixo com este pequeno vídeo que dá uma panorâmica geral do trabalho duma fotógrafa com bastante interesse. Não necessariamente pela série Crying Men, que é abordada neste vídeo, e que provavelmente nem agrada aos leitores deste blogue (terá algo de sádico este trabalho?) mas pelo que faz no geral. Como podem ver, fez e faz muitos outros trabalhos. Sou particularmente fã do filme do prato de fruta a apodrecer. Está na Tate Modern.
E agora a música. Um clássico lindíssimo que pode, também, fazer chorar. Porque todos temos, ou já tivemos, alguém de unforgettable na nossa vida.
PCP
3 comentários:
C,
Thanks.
Interesting video on Sam T-W. I am a little familiar with some of her work. I like the photos of her suspended, and Bram Stoker's Chair without the silhouette. The crying men didn't do much for me. The song is a classic though I prefer just the velvety smooth voice of Nat on his own. Thx, P
Thank you both for your comments. Yes, she is great with other stuff too, not just the crying men. She can be quite sculptural, which I like. She mentioned that she started as a sculpturer. And it shows. Bjs. pcp
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