19 fevereiro 2012

7º Domingo do Tempo Comum

Hoje é Domingo e eu não esqueço a minha condição de católico.

Talvez todos nós tenhamos um pouco do paralítico de que fala o Evangelho. Talvez ele não fosse, sei lá eu, apenas um desgraçado a quem a doença ou o acidente atiraram para cima de um catre, impossibilitado-lhe uma vida fisicamente autónoma. Talvez a paralisia dele fosse apenas a do espírito - ou do coração. Paralítico não é só que não consegue andar mas, muitas vezes, o que não quer andar,  que não quer deslocar-se na direcção da santidade a que todos somos desafiados. 

Ontem conversava sobre uma parte da minha vida nos últimos anos, referindo pessoas - amizades antigas ou recentes - que estiveram comigo em momentos mais difíceis, que não deixaram que eu perdesse o norte - talvez mesmo um norte qualquer, porque a paralisia é a pior das navegações. 

Em momento algum da minha vida senti que tinha perdido a fé. Tive essa graça, sobretudo porque em fases específicas ela me ajudou no desenvolvimento de uma espiritualidade que, a par das ajudas humanas, fizeram de mim um homem em paz - não um homem melhor, mas talvez mais consciente da importância de ser melhor. 

Olho para trás e, salvaguardadas todas as distâncias, talvez tenha sido o paralítico a quem quatro metafóricos homens transportaram até à presença de Cristo. Tenho a sorte de os poder identificar quase todos, saber que ponta da enxerga levantaram à força de braço e de amizade, que contributo deles foi parte quase determinante nesta caminhada que vou fazendo. Alguns dos que pegaram no catre tinham uma fé mais mortiça ou uma prática religiosa mais inexistente. No entanto, mesmo que não o soubessem conscientemente, todos eles descobriram o tecto por cima de Jesus por onde eu deveria ser baixado.

Bom Domingo para todos.

JdB
    


EVANGELHO – Mc 2,1-12

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Quando Jesus entrou de novo em Cafarnaum
e se soube que Ele estava em casa,
juntaram-se tantas pessoas
que já não cabiam sequer em frente da porta;
e Jesus começou a pregar-lhes a palavra.
Trouxeram-Lhe um paralítico, transportado por quatro homens;
e, como não podiam levá-lo até junto d’Ele, devido à multidão,
descobriram o tecto por cima do lugar onde Ele Se encontrava
e, feita assim uma abertura,
desceram a enxerga em que jazia o paralítico.
Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico:
«Filho, os teus pecados estão perdoados».
Estavam ali sentados alguns escribas,
que assim discorriam em seus corações:
«Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar.
Não é só Deus que pode perdoar os pecados?»
Jesus, percebendo o que eles estavam a pensar, perguntou-lhes:
«Porque pensais assim nos vossos corações?
Que é mais fácil?
Dizer ao paralítico ‘Os teus pecados estão perdoados’
ou dizer ‘Levanta-te, toma a tua enxerga e anda’?
Pois bem. Para saberdes que o Filho do homem
tem na terra o poder de perdoar os pecados,
‘Eu to ordeno – disse Ele ao paralítico –
levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa’».
O homem levantou-se,
tomou a enxerga e saiu diante de toda a gente,
de modo que todos ficaram maravilhados
e glorificavam a Deus, dizendo:
«Nunca vimos coisa assim».

1 comentário:

arit netoj disse...

A sua visão do paralítico é muito acertada mas vejo-o melhor como levando o catre...Já viu que a sua missão é levar-nos tantas vezes ao Senhor? Não esqueça a sua condição de católico e continue a transportar-nos.
Beijinhos

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