29 dezembro 2014

Vai um gin do Peter’s?

Recentemente, o Papa Francisco lançou uma mensagem que tem estado a circular, intensamente na net, por ser tão vitamínica, mesmo a calhar para o início de um Novo Ano. Simultaneamente, é de uma simplicidade e despojamento que também tem se enquadra neste período de Festas. Uma amiga, a quem a tinha enviado por email, teve uma reacção divertida e pragmática para o seu dia-a-dia, cheio de stress profissional. Cito-a, porque pode ser um bom antídoto para se lidar com as miudezas irritantes que, às vezes, temos de apanhar pela frente: «imprimi-a a cores, recortei-a e coloquei-a aqui bem à minha frente: tenho de ler (esta) minha “cábula”…, vai ser o meu mantra.»



O olhar positivo a que o Papa nos convida, foi também sugerido por Fernando Pessoa, a quem a personalidade taciturna não terá turvado a visão da realidade. Em poema, oferece-nos a sua perspectiva, primeiro sobre a existência, depois sobre o que nos faltará para ousarmos ser mais felizes, num diagnóstico simples mas exigente:

  « Não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo...
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. (…)

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. (…)
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Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...»
                                                                               Fernando Pessoa (1888-1935)


Naturalmente que soará irónico falar em felicidade em tempo de crise e para lá da faceta benigna que o conceito “crise” possa ter na língua chinesa. Mas talvez seja bem mais irónico considerarmo-nos infelizes, quando comparamos o que gostaríamos de ter com tudo o que nos foi dado, a começar pelo dom da vida, que não é pouco! Até as pedradas, pelos reveses e injustiças, o poeta nos convida a virar a nosso favor! Que dizer sobre as nossas frustrações e desilusões a um Deus que escolheu nascer na pobreza e ser forçado a emigrar, em risco de vida? Ele que nos deixou (e se mantém) a mensagem salvadora da Humanidade – o Amor?

Pessoa esclarece o que considera faltar, quando não temos coragem para ser felizes, apesar de tudo: «Eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura

Que o Novo Ano nos anime a construir aquele castelo fabuloso que pode ser a nossa vida, se deixarmos, começando por desanuviar o olhar sobre a realidade.


Com a festa dos Reis a aproximar-se, relembra-se a perspectiva facebook da história do presépio:



Continuação de BOAS-FESTAS, desejando um ÓPTIMO 2015 a todos,

Maria Zarco

(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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