Recentemente, o Papa
Francisco lançou uma mensagem que tem estado a circular, intensamente na net,
por ser tão vitamínica, mesmo a
calhar para o início de um Novo Ano. Simultaneamente, é de uma simplicidade e
despojamento que também tem se enquadra neste período de Festas. Uma amiga, a
quem a tinha enviado por email, teve uma reacção divertida e pragmática para o
seu dia-a-dia, cheio de stress profissional. Cito-a, porque pode ser um bom
antídoto para se lidar com as miudezas irritantes que, às vezes, temos de
apanhar pela frente: «imprimi-a a cores, recortei-a e coloquei-a aqui bem à minha frente: tenho de
ler (esta) minha “cábula”…, vai ser o
meu mantra.»
O olhar positivo a que o Papa nos convida,
foi também sugerido por Fernando Pessoa, a quem a personalidade taciturna não
terá turvado a visão da realidade. Em poema, oferece-nos a sua
perspectiva, primeiro sobre a existência, depois sobre o que nos faltará para ousarmos
ser mais felizes, num diagnóstico simples mas exigente:
« Não esqueço de que minha vida é a maior
empresa do mundo...
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história. (…)
É agradecer a Deus a
cada manhã pelo milagre da vida. (…)
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Pedras no caminho?
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Guardo todas, um dia
vou construir um castelo...»
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Fernando
Pessoa (1888-1935)
Naturalmente
que soará irónico falar em felicidade em tempo de crise e para lá da faceta
benigna que o conceito “crise” possa ter na língua chinesa. Mas talvez seja bem
mais irónico considerarmo-nos infelizes, quando comparamos o que gostaríamos de
ter com tudo o que nos foi dado, a começar pelo dom da vida, que não é pouco!
Até as pedradas, pelos reveses e injustiças, o poeta nos convida a virar
a nosso favor! Que dizer sobre as nossas frustrações e desilusões a um Deus que
escolheu nascer na pobreza e ser forçado a emigrar, em risco de vida? Ele que
nos deixou (e se mantém) a mensagem salvadora da Humanidade – o Amor?
Pessoa
esclarece o que considera faltar, quando não temos coragem para ser felizes,
apesar de tudo: «Eu sou do tamanho
do que vejo. E não do tamanho da minha altura.»
Que
o Novo Ano nos anime a construir aquele castelo fabuloso que pode ser a nossa
vida, se deixarmos, começando por desanuviar o olhar sobre a realidade.
Com a festa dos Reis a aproximar-se, relembra-se a perspectiva facebook da história do
presépio:
Continuação
de BOAS-FESTAS, desejando um ÓPTIMO 2015 a todos,
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico,
para daqui a 2 semanas)
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